Santa Sé na «Expo 2008»

Pavilhão em Saragoça procura lembrar valor da água e necessidade de desenvolvimento sustentável A Santa Sé vai dedicar à água e ao desenvolvimento sustentável o pavilhão com que marcará presença na Expo Saragoça 2008, que decorre nesta cidade espanhola de 14 de Junho a 14 de Setembro. 38 obras de arte procuram sublinhar “o valor da água na Igreja” e no mundo. O pavilhão foi apresentado numa conferência de imprensa, no Vaticano, nesta Segunda-feira 19 de Maio. O objectivo principal da presença da Santa Sé neste certame é defender que o direito à água “é um imperativo moral e político”, em especial num mundo que dispões de níveis de conhecimento e de tecnologias capazes de resolver as situações de escassez. O Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, disse aos jornalistas que a intenção da Santa Sé é “ajudar todos a compreender o dom da água e a relação espiritual e física que temos com ela”, potenciando assim “o papel da humanidade” na protecção dos recursos hídricos. Na nota informativa sobre o pavilhão, hoje divulgada no site oficial do Vaticano, sublinha-se que “a água e o desenvolvimento sustentável implicam um desafio que influencia directamente o desenvolvimento do homem”, pelo que a participação da Santa Sé no evento foi tida como “obrigatória”. “Como cidadãos do mundo globalizado, os católicos conhecem também os problemas e injustiças de um planeta que vive e sofre a necessidade e falta de água”, pode ler-se. O edifício, obra do arquitecto Joaquín Sicilia, consiste num espaço de 550 metros quadrados, procurando convidar à reflexão, ao longo de três etapas: a água como fonte da vida; uma mostra de obras de arte relacionadas com a água e o seu papel na história da salvação; um espaço de carácter solidário que lembra que muitas pessoas têm um acesso limitado a este elemento vital. No decorrer da Expo, o pavilhão da Santa Sé promove um Congresso Internacional sobre Ecologia, que decorrerá de 10 a 12 de Julho, sob o título “A questão ecológica: a vida do homem no mundo”. Segundo o Arcebispo de Saragoça, D. Manuel Ureña, o espírito do pavilhão responde ao desejo de trazer “una visão do humanismo cristão sobre as realidades temporais como a ecologia humana” que faça brotar uma nova sensibilidade em volta da gestão e do uso da água. Preocupação de Bento XVI A escolha da Santa Sé vem confirmar a preocupação de Bento XVI neste campo, que já o levou a manifestar-se em favor da salvaguarda e da partilha dos recursos hídricos. No início deste ano, o Papa nomeou para a Academia Pontifícia das Ciências um dos cientistas mundiais mais respeitados em matéria de hidrologia e ciências ambientais, o venezuelano Ignacio Rodriguez-Iturbe. Professor na Universidade de Princeton (EUA), este especialista recebeu o Prémio Estocolmo da Água em 2002, uma espécie de “Nobel” neste campo. Logo em Janeiro, no discurso ao corpo diplomático acreditado na Santa Sé, o Papa frisava que a paz implicava que fossem satisfeitas as “legítimas aspirações” das populações, incluindo o acesso à água. Antes, durante a recitação do Angelus, Bento XVI criticara duramente algumas consequências da globalização, incluindo o seu impacto negativo sobre os recursos hídricos. Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2008, o Papa reconheceu que “actualmente a humanidade teme pelo futuro equilíbrio ecológico” e desejou que “as avaliações a este respeito se façam com prudência, no diálogo entre peritos e cientistas, sem acelerações ideológicas para conclusões apressadas”. Em 2007, numa mensagem escrita por ocasião do Dia Mundial da Água, Bento XVI afirmava que “a água é um direito inalienável”, pedindo que todos possam ter acesso a ele, “em particular quem vive em condições de pobreza”. “O direito à água, como todos os Direitos Humanos, baseia-se na dignidade humana e não sobre avaliações de tipo puramente quantitativas, que apenas consideram a água como um bem económico”, alertou.

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