Santa Sé exige análise das causas da crescente desigualdade global

A Santa Sé exigiu analisar as causas que, numa época de globalização, provocam a crescente desigualdade entre países ricos e pobres. O pedido foi feito pelo Arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé nas agências das Nações Unidas em Genebra, durante a reunião do Conselho Económico Social da ONU (ECOSOC), que decorreu no início de Julho. O representante da Santa Sé recordou que “ao contrário de diminuir, o número de pobres que vivem com menos de dois dólares por dia aumentou até chegar aos 1,37 bilhão e calcula-se que cerca de 854 milhões de pessoas no mundo estão sub-nutridas”. “Em várias regiões da África e da Ásia, a expectativa de vida é quase a metade da que se dá nos países ricos, e os níveis de analfabetismo chegam a níveis muito elevados”, denunciou. Neste contexto, defendeu a união de países pobres e ricos na análise das “razões profundas pelas quais os países em vias de desenvolvimento encontram sérias dificuldades para conseguir uma vida digna”. Isso implica, esclareceu, que “a eliminação da pobreza exige uma integração entre os mecanismos que produzem bem-estar e os mecanismos para a distribuição de seus benefícios no âmbito internacional, regional e nacional”. Segundo o Arcebispo Tomasi, “uma atitude no crescimento económico baseada na liberalização absoluta já demonstrou ser insustentável socialmente e inclusive economicamente a longo prazo”. Ao mesmo tempo, reconheceu, que o sistema de ajudas ao desenvolvimento deve ser analisado novamente. O perdão da dívida externa “não deu os resultados esperados de um maior acesso à educação, à saúde e aos serviços sociais”. Por isso, assegurou, “a questão que é preciso esclarecer não é se é preciso oferecer ajuda adicional, mas como”. O observador permanente da Santa Sé nas agências das Nações Unidas insistiu também na necessidade de promover a educação e a saúde, não somente por parte dos governos, mas também de grupos que baseiam sua acção de ajuda em convicções religiosas. “A educação é, a longo prazo, um investimento económico para todos, e a saúde oferece um carácter duradouro a esse investimento”,lembrou. “Novos acordos vinculadores no âmbito internacional para regular a exploração dos recursos naturais, para controlar os fundos públicos roubados, para limitar o comércio de armas, para eliminar subsídios à agricultura, e outras iniciativas, serão etapas no longo caminho que procura traduzir em decisões concretas o frequentemente afirmado objectivo da solidariedade», finalizou. “Mas as pessoas concretas são o motor do desenvolvimento” e têm de converter-se em protagonistas do seu futuro. “A eliminação da pobreza é um compromisso moral”, concluiu. Com Zenit

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