Santa Sé critica falta de coragem da ONU na declaração contra a eutanásia

A Santa Sé saudou a aprovação da declaração das Nações Unidas para proibir todo o tipo de clonagem humana, mas lamenta que não se tenha optado por um pronunciamento vinculante para todos os países. Esta é a primeira vez que a ONU se pronuncia de forma precisa sobre o tema, mas o documento não tem carácter vinculativo e vários Estados já anunciaram que vão ignorar algumas das suas recomendações. O bispo Elio Sgreccia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, lamenta que esta declaração “seja igual a um pronunciamento formal, que depois os países não respeitam”. O prelado considera, em declarações à Rádio Vaticano, que é um “sintoma grave” que a assembleia geral das Nações Unidas “não tenha a força e o valor para fazer valer certos princípios de humanidade que são essenciais”. D. Elio Sgreccia crítica, neste sentido, os interesses económicos, que se escondem detrás de patentes que “abusam do ser humano como se fosse um medicamento”. A Assembleia Geral da ONU adoptou esta terça-feira uma resolução (A/59/516), intitulada “Declaração Universal contra a clonagem de seres humanos”, que pede aos Estados-membros a proibição de “todas as formas de clonagem de seres humanos que sejam incompatíveis com a dignidade humana e a protecção da vida humana”. Após um intenso debate, a declaração foi aprovada com 84 votos a favor, 34 contra e 37 abstenções. O presidente da Academia Pontifícia para a Vida considera, apesar das críticas, que o carácter ético da declaração é um “facto positivo”, pois “significa que a maioria das Nações que estão na ONU vê a clonagem como uma ameaça contra o ser humano, contra a sua dignidade e a sua vida”. O prelado recorda que não é necessário recorrer à eliminação ou clonagem de vidas humanas: “a pesquisa científica está a conseguir êxitos maravilhosos com as células-tronco somáticas, ou seja, as que procedem do cordão umbilical, ou de várias partes do corpo adulto”. O texto da ONU pede que os países “adoptem com urgência todas as medidas legislativas necessárias para proteger adequadamente a vida humana na aplicação da ciência” e proíbe “o recurso de técnicas de engenharia genética que possam ser contrarias à dignidade humana”. Uma das alíneas da declaração apela expressamente aos Estados-Membros para que tomem medidas no sentido de evitar que, através da aplicação das ciências da vida, “se verifique a exploração de mulheres”.

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