Santa Sé condena ordenações episcopais na China

Comunicado oficial fala de excomunhão para os Bispos da Associação Patriótica A recente ordenação de dois Bispos da Associação Patriótica da China foi considerada pela Santa Sé como “uma grave violação da liberdade religiosa”. A posição oficial da Igreja Católica foi dada a conhecer esta manhã, em comunicado, pelo director da sala de imprensa da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls. O comunicado exige o respeito “da liberdade da Igreja e da autonomia das suas instituições perante qualquer ingerência externa”. Navarro-Valls revelou que Bento XVI recebeu a notícia das ordenações com “profunda tristeza”, lamentando que um acto tão relevante para a vida da Igreja (a ordenação episcopal) tenha sido levado a cabo “sem respeitar as exigências de comunhão com o Papa”. A Associação Patriótica Católica (APC) da China, autorizada e controlada pelo regime de Pequim, procedeu ontem à segunda ordenação episcopal sem autorização do Papa. O Pe. Liu Xinhong foi ordenado Bispo da diocese de Anhui, contrariando as indicações da Santa Sé e poucos dias depois de uma outra ordenação, no dia 30 de Abril (o padre Ma Yinglin foi ordenado Bispo em Kunming, na província de Yunnan, sudoeste do país). As últimas ordenações sem o aval do Papa tinham acontecido em 2000, com 5 novos Bispos da APC, e levaram a um congelamento das negociações entre a China e a Santa Sé para o restabelecimento de relações diplomáticas. O comunicado da Santa Sé considera que este acto é “uma grave ferida para a unidade da Igreja” e lembra que o Código de Direito Canónico prevê a excomunhão do Bispo, que sem mandato pontifício, conferir a alguém a consagração episcopal e também daquele que é consagrado (cân. 1382). Pressões O Vaticano revela que, segundo as informações que recebeu, os Bispos e os sacerdotes envolvidos nestas ordenações foram submetidos “a fortes pressões e ameaças por parte de organismos exteriores à Igreja”. Essas ordenações, sem autorização do Papa, são consideradas, por isso, “ilegítimas” e contrárias à consciência dos envolvidos. “Muitos prelados opuseram-se a tais pressões, enquanto que alguns não puderam fazer outra coisa que suportá-las com grande sofrimento interior. Episódios deste género produzem lacerações, não apenas na comunidade católica, mas também no interior das próprias consciências”, acrescenta o comunicado. A Santa Sé segue com atenção o “tormentoso caminho da Igreja Católica na China” e manifesta a sua desilusão com os recentes desenvolvimentos, confessando que “pensava e esperava que semelhantes episódios deploráveis pertencessem ao passado”. Vontade de diálogo A Santa Sé justifica o teor das críticas com a necessidade de “dar voz ao sofrimento de toda a Igreja Católica”, em especial a comunidade da China e os Bispos e sacerdotes “que se vêem obrigados, contra a sua consciência, a cumprir ou participar em ordenações episcopais que, nem os candidatos, nem os Bispos consagrantes querem efectuar sem ter recebido o mandato pontifício”. Caso se confirme a indicação de que haverá novas ordenações episcopais sem autorização do Papa, a Santa Sé defende “a necessidade de respeitar a liberdade da Igreja e da autonomia das suas instituições”, esperando que “não sejam repetidas tais actos inaceitáveis de violência e inaceitável coacção”. “A Santa Sé manifestou, em várias ocasiões, a sua própria disponibilidade para um diálogo honesto e construtivo com as competentes autoridades chinesas para encontrar soluções que satisfaçam as legítimas exigências de ambas as partes”, refere a nota. Apesar desta abertura ao diálogo, a Igreja Católica sublinha que acontecimentos como as recentes ordenações episcopais representam “novos obstáculos”. Notícias relacionadas • Relações entre a China e o Vaticano sofrem duro golpe

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