Santa Casa da Misericórdia de Braga apresenta história de serviço

A Santa Casa da Misericórdia de Braga acaba de apresentar mais um volume da «rica e centenária história » de assistência social aos mais pobres, num livro da autoria de Maria de Fátima Castro, especialmente dedicado à “Assistência Material e Espiritual”, desde a fundação até 1910. Esta é a terceira obra de investigação daquela professora da Universidade do Minho, à qual o provedor, Bernardo Reis, aproveitou para “encomendar” já a finalização do quarto volume sobre “O Hospital de São Marcos: espaços e assistência”, que deseja apresentar no próximo Congresso das Misericórdias, a realizar em Braga, em Maio de 2007. A cerimónia solene – com a presença do arcebispo emérito D. Eurico Dias Nogueira, alguns conhecidos historiadores da cidade e muitos convidados – foi presidida pelo bispo auxiliar D. António Santos, em representação de D. Jorge Ortiga, que estava em viagem à Índia, onde celebrou os 400 anos da criação da Diocese que fora dirigida pelo bispo barcelense D. António Barroso. Na abertura, o prelado enalteceu a fixação em livro de «tudo de bom que se realizou naquela Casa, que procura cumprir a máxima “Deus é amor”», através de «um trabalho notabilíssimo de assistência» que presta a toda a comunidade e que é «a essência» das Misericórdias portuguesas desde a sua fundação. D. António Santos salientou «a resposta atenta e eficiente às novas formas de pobreza, sempre votada aos princípios do Evangelho e às orientações da Igreja », e agradeceu à autora a «obra insigne que deixa». O prelado referiu que esta «faz jus ao património do amor fraterno que os antepassados legaram e que a actual Mesa Administrativa tanto tem feito para preservar» ao serviço desta instituição quinhentista, em cujo “BI” não consta uma data exacta de nascimento. O volume de quase setecentas páginas é mais um dos trabalhos a que a professora universitária Maria de Fátima Castro, devotou muitos dias de “banca fixa” no Arquivo de Braga e anos de investigação. Como assinalou a pró- -reitora da UM, Irene Montenegro, a autora é uma «reconhecida especialista» em História Contemporânea, que se doutorou em 2000, precisamente com a tese “Dar aos Pobres e Emprestar a Deus”, sobre as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima. Esmolas, receitas, sufrágios e legados A obra propriamente dita foi apresentada pela colega e historiadora Marta Lobo Araújo, também professora da UM igualmente dedicada ao estudo das confrarias e misericórdias, que destacou «a análise circunstanciada» que a autora faz de «uma das mais importantes instituições da cidade», explicando donde provinham os meios financeiros e quem eram os pobres e sobre que critérios e/ou situações de vida recebiam o apoio misericordioso desta Santa Casa. Esmolas que, além de dinheiro, poderiam ser roupas, pão, cereais ou mantas e mesmo lenha, estas muito apreciadas nas invernias natalícias, bem como carne para os presos e para os doentes do hospital. À Misericórdia competia também “enterrar os mortos”, cuja obra cumpria com escrupuloso ritual, incluindo a recolha dos restos mortais dos enforcados, bem como a prestação de “apoio judiciário” aos presos pobres. Também os estudantes de Coimbra receberam esmolas para prosseguirem estudos, havendo igualmente registo histórico de contribuições para as moças poderem arranjar-se melhor para potenciar o casamento ou para entrarem para o Convento, pois tanto uma como outra condição se pensava torná-las mais virtuosas. A par dos legados – que lhe conferiram, então, um enorme poder económico – a Misericórdia tornou-se na «fiel depositária de milhares de “últimas vontades”», que lhe atribuíram uma «enorme responsabilidade» no cumprimento de exéquias, de sufrágios e de missas diárias, semanais, mensais ou anuais, além de outras celebrações solenes, que movimentavam «um apreciável número de agentes de culto», desde os capelães até aos arcebispos, sempre tão próximos desta Casa. A obra teve prefácio do conhecido irmão da misericórdia, Domingos Silva Araújo, que desejou «que o conhecimento do passado, sirva de estímulo ao presente e ao futuro tendo em vista as Obras da Misericórdia », como realçou o provedor, que garantiu que a Arquidiocese pode continuar a contar com «a dedicação à causa dos mais necessitados e desfavorecidos » por parte da Santa Casa de Braga.

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