Salesianos: «Há quem diga que há um antes e um depois de São Francisco de Sales» – padre Tarcízio Morais

Carta «Tudo pertence ao amor», do Papa Francisco, evoca 400 anos da morte deste bispo e doutor da Igreja

Foto: Salesianos

Lisboa, 03 fev 2023 (Ecclesia) – O padre Tarcízio Morais, salesiano, refletiu sobre a carta do Papa “Tudo pertence ao amor”, em que se evocam os 400 anos da morte de São Francisco de Sales, elogicando uma “figura que fez grande rutura”.

“Conhecemos pouco deste santo e é uma pena porque é uma grande figura, que fez uma grande rutura, “Tudo pertence ao Amor”, é o título da carta do Papa mas que define também aquilo que era a resposta de vida de São Francisco de Sales, o seu amor por Jesus Cristo e pela humanidade”, explica o religioso, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo o entrevistado, a carta, escrita quatro séculos depois da morte deste santo, foi “escrita em boa hora”, com “uma estratégia de escrita interessante a misturar o pensamento de São Francisco de Sales com os períodos da sua vida”.

O padre Tarcízio Morais acrescenta que a carta destaca, “para os dias de hoje, a grande figura espiritual, apostólica e de compromisso social e socio político”.

Foto: Salesianos

“Há quem diga que há um antes e um depois de São Francisco de Sales, porque antes havia um sistema de ponto de vista devocional, muito marcado pelo beatismo e marcado pelas normatividades que complexificavam a vida das pessoas e São Francisco de Sales vem trazer uma outra dimensão de renovação, de jovialidade e de síntese nova, que parte de um humanismo, e de um conhecimento muito profundo que parte do que é a realidade da pessoa, dos homens e mulheres do seu tempo”, refere. 

São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, foi a inspiração para o fundador dos Salesianos, São João Bosco, “mais de 300 anos depois”, em 1858, criar a “Pia Sociedade de São Francisco de Sales”, por se ter identificado com “o modelo de sacerdote e bispo de personalidade adequada”.

“São Francisco de Sales era um espírito absolutamente temperamental, impulsivo, um vulcão, tal como São João Bosco o era, de ponto de vista temperamental e que precisavam de um auto domínio muito grande; a santidade vem de trabalho interior para chegar a mansidão e a todos os processos de bondade, há um ponto em comum de personalidades impulsivas mas depois moldadas”, afirma. 

O sacerdote, nomeado provincial dos Salesianos em Portugal, iniciando funções no próximo verão, aponta que São Francisco de Sales foi um “inventor de práticas pastorais ousadas” e que, no seu tempo, D. Bosco “identificou essa necessidade”.

A amabilidade e a doçura como forma de aproximação à vida dos jovens, o nosso povo diz “ que é com mel que se apanham moscas não é com vinagre”, por isso para chegarmos à vida do outro precisamos de atenção, respeito e presença amável, coração cheio deste amor de Deus que enche e leva cada um de nós a ser sinais do amor de Deus”.

Para o padre Tarcízio Morais, as intuições desta carta do Papa Francisco, divulgada no dia 28 de dezembro de 2022, são “ouro sobre azul”, e que “vêm confirmar e dar mais força” ao que os “salesianos fazem e realizam a cada dia”.

“Muitas dimensões desta figura que para nós é de atualidade muito grande, que nos faz interpelações neste tempo de mudança de época e que precisamos de respirar esta capacidade de quem precisa mais de nós”, conclui.

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA deste sábado, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online e em podcast

SN

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Agência ECCLESIA

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