Revista Communio: Novos olhares sobre Maria

A revista Communio lançou recentemente o primeiro número de 2008. Da apresentação, de M. da Graça Pereira Coutinho e João Marques Eleutério, retiramos um extracto que sintetiza os conteúdos dos artigos desta edição. Na celebração dos 25 anos de fundação da Communio em Portugal, o conselho de redacção decidiu dedicar o primeiro número de 2008 ao tema “Novos olhares sobre Maria”. Bruno Forte, actual bispo de Chieti-Vasto, propõe-nos um olhar sobre Maria a partir da teologia do ícone, de inspiração oriental. Assim como o “ícone é visão das coisas que não se vêem, também a Virgem Mãe é, ao olhar puro da fé, o lugar da Presença divina”. Um outro lugar onde se verifica a redescoberta da importância de Maria é o diálogo ecuménico. José Eduardo Borges de Pinho apresenta-nos a complexidade da questão mariológica na relação entre as Igrejas cristãs sublinhando: “Perante os desafios de um mundo que questiona o sentido humanizador da fé e corre o risco de perder indicativos fundamentais de humanidade, os cristãos das diversas confissões têm de se perguntar sobre o significado que pode ter Maria na construção de uma verdadeira humanidade, mais livre, mais justa, mais fraterna.” Nos primeiros anos da recepção do Concílio Vaticano II, Hans Urs von Balthasar, reagindo a alguma contestação na compreensão do papel de Maria na vida da Igreja, afirma que “Maria não está num espaço vazio como pessoa isolada, ela está no coração da Igreja, tão solidamente aí enraizada que, sem ela, não podemos pensar a Igreja em toda a sua profundidade”, desafiando-nos a redescobrir o mistério da sua virgindade, da sua esponsalidade e da sua maternidade. Na mesma linha, publicamos também a intervenção do actual bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, no encerramento do Congresso “Fátima para o século XXI”, comemorativo dos 90 anos das aparições. Neste texto notável somos convidados a descobrir os aspectos permanentes da mensagem de Nossa Senhora em Fátima: o primado de Deus e do seu Amor trinitário, a possibilidade de vencer o mal com a graça da conversão, a misericórdia e a ternura de Deus perante os sofrimentos do homem, o desafio ao testemunho, o crescimento no empenho pela paz. Maria Luísa Ribeiro Ferreira partilha connosco as suas impressões da leitura de um texto de Pierre Teilhard de Chardin, L’Éternel féminin, onde somos confrontados com um olhar inesperado sobre Maria e a condição feminina. Também o Padre António Vieira, de quem se comemora este ano o 4.ºcentenário do nascimento, num sermão de 1640 sobre Nossa Senhora do Ó, nos convida a entrar no mistério da encarnação do Verbo a partir das Antífonas do Ó recitadas na hora de Vésperas a partir do dia 17 de Dezembro até à festa do Natal. Através da análise de algumas obras cinematográficas contemporâneas, Maria Cristina Carnicella verifica que “sem dúvida o cinema poderá ser, pela sua própria essência e intrínseca finalidade, um instrumento que a teologia estética pode utilizar para entrar em diálogo com o homem contemporâneo, e para fazer com que a via pulchritudinis abra o homem do terceiro milénio ao mistério de Deus…”. No caso concreto de Maria, esta autora italiana afirma que “no panorama cinematográfico a beleza de Maria se traça como farol que atrai e fascina mais no interior do universo não crente do que no crente. A linguagem cinematográfica sobre Maria, como tal, presta-se portanto não só a aproximar principalmente os crentes à figura de Maria, mas também a ‘seduzir’ aqueles que não crêem, através da categoria da beleza simples e ao mesmo tempo misteriosa, através da categoria do testemunho do amor quotidiano, através do seu estar sempre presente mas, ao mesmo tempo, do seu permanecer sobretudo na sombra”. Concluímos a secção dedicada ao tema com um poema de José Bento, “Avenida Barbosa du Bocage, Lisboa”, dedicado à imagem de Nossa Senhor que se encontra no exterior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e pode ser vista a partir da Av. Barbosa du Bocage. Na secção dos testemunhos, apresentamos a experiência de Pedro Morais David, peregrino de Fátima, e a de Maria Luísa Anahory Roquette no movimento de Schoenstatt. Ambas as experiências nos desafiam a perceber como a relação como Maria nos deve conduzir ao âmago da vida cristã: o encontro com Cristo que nos revela o rosto do pai. Incluímos ainda recensão da obra Maria, uma mulher judia. Feliz és tu que acreditaste, de Fréderic Manns. A concluir este número da revista, na secção “Perspectivas”, Jacques Arnould, dominicano francês, engenheiro agrónomo e teólogo – actual membro do Centre Nationale d’Études Spatiales, onde se dedica ao estudo da dimensão ética, social e cultural das actividades espaciais – propõe-nos no seu artigo que revisitemos a relação entre a teoria da evolução de Charles Darwin e a teologia da criação. As três restantes edições previstas para 2008 terão como tema “A Transfiguração”, “A Beleza” e os “Imaginários Contemporâneos”. M. da Graça Pereira Coutinho | João Marques Eleutério

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