Pedro Teotónio Pereira destaca dimensão da exposição, com mais de 300 figuras
Lisboa, 13 jun 2019 (Ecclesia) – O Museu de Santo António em Lisboa apresenta este ano, por ocasião das festas do religioso, a representação da histórica procissão em honra do santo português, através de mais de 300 peças da autoria dos Irmãos Baraça.
O coordenador do Museu de Santo António em Lisboa afirma à Agência ECCLESIA que a exposição temporária é um fator diferenciador em 2019, na celebração anual que mobiliza a capital portuguesa.
“Estão todas as personagens: Irmandades e confrarias, os andores dos santos, o santo António, e atrás o presidente da câmara e os vereadores, também o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, as várias autoridades, e depois o povo e os frades das Ordens Franciscanas”, relata Pedro Teotónio Pereira.
Mais de 300 figuras transportam para a atualidade a ‘Procissão de Santo António’ que sai da igreja construída no local onde nasceu o santo português, com a imagem a ser transportada no carro dos bombeiros.
O figurado foi construído em “barro tradicional de Barcelos” pelos Irmãos Baraça, reconhecida família de artesãos, que “conseguiram representar a procissão na atualidade”.
“Os estrangeiros gostam de ver e os portugueses identificam muito bem este barro do norte de Portugal”, realça Pedro Teotónio Pereira sobre a mostra que pode ser visitada até dia 30 deste mês, no Largo de Santo António, junto à Sé de Lisboa.
A procissão, com cerca de duas horas, percorre o bairro de Alfama e “à medida que vai passando as igrejas” os seus padroeiros – “São João, São Miguel, Santo Estêvão, São Vicente, e São Tiago” – “integram a procissão” e, normalmente, com o andor, junta-se “sempre um grupo de pessoas ligadas à igreja de onde sai o santo”.
“É interessante porque é uma procissão com uma devoção muito popular que atrai muita gente”, afirma o coordenador do Museu de Santo António, destacando que “quase que se transforma a cidade de Lisboa numa aldeia” e “essa ruralidade” vê-se “representada ainda nestas procissões”.
O percurso termina na Sé de Lisboa, com o canto do ‘Te Deum’, e a imagem regressa à sua igreja, onde a população diz que acontece o milagre do sol, “um momento de muita emoção”, numa altura que o sol está quase a pôr-se.
Pedro Teotónio Pereira destaca, no âmbito das tradições antigas, “o pãozinho de Santo António” que é “distribuído todo o ano”.
O Museu procura “contextualizar esta devoção, explicar a importância de Santo António, o único doutor da Igreja português”, que nasceu em Lisboa e “foi importante para a cidade”.
Na entrada do museu, os visitantes podem ver um trono de Santo António, construídos desde o século XVIII; um mapa digital que sinaliza os “mais de 170 tronos espalhados pela cidade”; depois existem representações de Santo António “usada para todos os fins” – “lado mais religioso das pagelas, utilização mais comercial associado a produtos como vinho do porto, água, pomada, pastelaria, lotaria de santo António, a nota de 20 escudos” e “várias representações de várias origens”.
O santo franciscano nasceu em Lisboa, em 1195; faleceu em 1231 e foi sepultado em Pádua (Itália), onde são veneradas as suas relíquias.
Na Itália, Santo António destacou-se como pregador e primeiro professor de Teologia da ordem franciscana recém fundada por São Francisco de Assis; em 1946, Pio XII proclamou-o como “doutor da igreja universal”, com o título de ‘Doctor Evangelicus’ (Doutor Evangélico).
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