Religiosidade Popular: Festas da Senhora d’Agonia mostram «relação espontânea» do povo com o divino

Romaria em Viana do Castelo nasceu da devoção dos pescadores

Foto: Lusa

Viana do Castelo, 18 ago 2018 (Ecclesia) – As Festas da Senhora d’ Agonia, que se celebram em Viana do Castelo, são uma manifestação “espontânea e humana” de um povo “à procura de Deus”, diz o bispo diocesano.

“É aí que as pessoas de forma mais espontânea e humana vão à procura de Deus. Fazem-no conforme a sua maneira de ser e viver, mas andam à procura de Deus. Tem uma potencialidade enorme que não podemos desprezar”, explica à Agência ECCLESIA D. Anacleto Oliveira, que  há oito anos preside às celebrações religiosas da Romaria.

As festas em honra da Senhora d’Agonia, que tiveram início esta sexta-feira e se prolongam até segunda-feira, enchem as ruas da cidade com celebrações religiosas e eventos culturais que o bispo da diocese entende “andarem de mãos dadas”.

“São festas que têm uma origem religiosa; tendo uma parte «profana», a religião envolve também cultura, é uma realidade que caminha de mãos dadas”, assinala o bispo de Viana.

A missão da Igreja é “transmitir a riqueza e beleza de Deus”, aproveitando o que “de bom, e intencionalmente, existe para mostrar a riqueza do Evangelho”.

“É um trabalho que não se consegue de um dia para o outro porque, sabemos que, ligado à religiosidade popular, há uma ignorância grande no aspeto doutrinal ou na vivência da fé, tantas vezes ligado a superstições”, lamenta D. Anacleto Oliveira, que indica o quanto os Papas pós-conciliares ajudaram a apresentar a “religiosidade popular” como o “Evangelho inculturado”.

Talvez pela reforma litúrgica, a religiosidade popular era vista, por algumas pessoas de modo adverso; os Papa disseram ser na religiosidade popular que o Evangelho estava insculturado”.

As celebrações tiveram início na sexta-feira com o desfile da mordomia, ocasião que recorda o momento em que “as senhoras iam convidar as autoridades civis para participar na festa”.

“Hoje é um acontecimento cultural mas a sua origem está na organização, por parte de senhoras, que vestiam o melhor que tinham, em trajes e haveres, para convidar as autoridades para as festas”.

Com origem na devoção dos pescadores, que do mar avistavam a igreja da Senhora d’Agonia, as festas apresentam como ponto alto as procissões à cidade e a procissão ao mar, que este ano assinala os 50 anos.

“O mar é muito belo, tem a sua riqueza, mas está cheio de perigos. Os homens sentem que a sua proteção vem de lá. O santuário da Senhora da Agonia avista-se do mar. É um ponto de atração”, conta o bispo que entrou solenemente na diocese de Viana do Castelo poucos dias antes da celebração da Romaria, há oito anos.

“Foi a primeira festa após a minha entrada na diocese. Faz parte já da minha vida e não consigo imaginar não participar no programa religioso”, indica.

As festas são vistas como uma oportunidade para acolher quem chega de fora, abrir as portas da igrejas e propor, inclusivamente, a devoção a Bartolomeu dos Mártires.

“A igreja da paróquia de São Domingos está aberta durante largas horas, apresenta uma exposição, tem a sepultura de Bartolomeu dos Mártires, local onde muitos passam por curiosidade ou para manifestar a sua fé”, conclui o bispo da Diocese de Viana do Castelo.

A romaria da Senhora d’Agonia vai estar em destaque no programa Ecclesia deste domingo, na Antena 1, a partir das 06h00.

LS

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