Religião/Portugal: «Trajetórias de investigação» devem levar a uma comunidade de estudos

Colóquio de dois dias reuniu especialistas em Lisboa

Lisboa, 08 mai 2015 (Ecclesia) – O colóquio ‘Religião no espaço público: trajetórias de investigação’ reuniu em Lisboa vários investigadores e quer contribuir para a existência desta comunidade de estudos em Portugal.

“O colóquio teve claramente a ideia de fazer encontrar as pessoas que estão a trabalhar neste domínio e em muitos casos de forma bastante isolada, nas suas instituições, podendo através destes recursos contribuir para a construção da comunidade dos estudos da religião”, explicou Alfredo Teixeira, do Centro de Estudos de Religiões e Culturas (CERC) da Universidade Católica Portuguesa.

À Agência ECCLESIA, o professor universitário assinalou em dois dias “não se consegue tudo” mas os investigadores responderam “muito generosamente” e partilharam alguma “trajetória de investigação”, que era outro dos objetivos do colóquio.

“Como é que de facto a investigação do religioso se situa no seu próprio percurso de investigação e sob esse ponto de vista temos tido um diálogo muito interessante”, contextualizou, esta quinta-feira, o segundo dia de encontro.

A organização do colóquio ‘Religião no espaço público: trajetórias de investigação’ convidou investigadores seniores que “têm uma carreira firmada” e quem está a iniciar um percurso, que apresentou o seu trabalho como “algo que estão a descobrir” e esse encontro geracional foi “muito interessante”, analisou Alfredo Teixeira.

“Agora todos juntos vamos refletir sobre o futuro. Já temos um conhecimento acrescido sobre o que cada um está a investigar, que redes tem e até que ponto podemos até estabelecer pontes”, acrescentou Helena Vilaça, do Instituto de Sociologia (IS) da Universidade do Porto.

Esta iniciativa realizou-se no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Lisboa, a terceira unidade envolvida na organização do colóquio.

Participaram mais de 20 investigadores, em cinco painéis, com temas como: “Pluralismo, cidadania e liberdade religiosa; A religião ‘a fazer-se’: mediações, ritualidades, performances; Metamorfoses do religioso: transversalidades e deslocações.”

Sobre o lugar da religião no espaço público português, o coordenador executivo do CERC considera que vive uma “situação complexa e diversificada” devido ao processo de transformação em relação à “hegemonia católica”, algo que acontece com as sociedades que viveram “uma certa hegemonia religiosa”.

“Não conduz à situação em que a religião desaparece mas muito mais à situação em que tem e se descobrem em lugares diferentes. Eu diria que os crentes ou não crentes estão a descobrir uma paisagem religiosa diferente”, disse Alfredo Teixeira.

Helena Vilaça recordou as décadas do século XX em este era um “fenómeno a privatizar” e considera que lembrar que este tema está no espaço público é “fazer relembrar” que a religião é importante para a “própria democracia” porque é um “direito humano” e uma sociedade que não respeita a religião “tem um défice democrático”.

Na conferência de abertura a investigadora canadiana Lori Beaman refletiu sobre a regulamentação política e os símbolos religiosos que podem ou não ser entendidos como herança de uma maioria religiosa.

“Devem ser lidos no plano do que é a neutralidade própria das sociedade modernas ou se são símbolos que descrevem aquilo que é a própria memória de uma sociedade, a cultura, e nesse sentido são partilhados por todos independentemente da relação confessante dos cidadãos com esses símbolos”, comentou Alfredo Teixeira.

CB/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top