Em Monção, nas Jornadas Teotonianas a célula familiar está no centro das atenções Nas Jornadas Teotonianas, a decorrer em Monção até amanhã (18 de Fevereiro), visam «a redescoberta da verdade da família assente na verdade do amor», declarou o arcipreste de Monção na sessão de abertura presidida pelo Vigário Geral da diocese de Viana do Castelo. Esta iniciativa, que já vai no seu décimo oitavo ano, arrancou com uma reflexão sobre a família e passado estes anos volta-se à temática, «em consonância com o sínodo diocesano», numa altura em que muitos questionam se este desafio «tem futuro», explicou Avelino Felgueiras Marques. Um dos conferencistas, João César das Neves, depois de ter apresentado um conjunto alargado de dados estatísticos comparando várias épocas, procurou desmontar a ideia de que as mudanças na instituição família são lineares ao longo dos anos e que conduzem a um beco sem saída. Pelo contrário, o conferencista sublinhou que o que falta nos dias de hoje é encontrar «sentido para a vida» e perceber que a família é das «coisas mais óbvias do mundo» e das mais importantes. «Extraordinário é que se tenham de fazer conferências para o proclamar», disse. A família, em cujo futuro César das Neves acredita, não funciona hoje, porque «vemos tudo em termos de indivíduo» e definimos as coisas como «a soma dos elementos». O palestrante frisou que cada vez mais, face a um pensamento tecnicista e economicista, é necessária a consciência muito aguda de que a «família é uma entidade muito frágil» que exige «muitos cuidados». Ironicamente, assinalou que somos capazes de passar um ano a economizar para umas férias e não gastamos um fim-de-semana a cuidar da família. A família enfrenta, ainda, o «desprezo pelo trabalho familiar», quando ele se tornou mais facilitado pelos electrodomésticos. Complicou-se foi o «trabalho de relação» e já «não há pachorra para ficar em casa e falar com um filho». A família enfrenta também o problema de toda a gente querer ser jovem, tornando-se estes os «soberanos da nossa sociedade». A família está no centro do cristianismo, aliás, quando Deus quis falar da sua relação com o Verbo a imagem que utilizou foi de Pai e Filho. Cristo é a pedra que sustenta a construção que é a família e revelou que o próprio Deus é «família trinitária». Família é o desafio de hoje para a construção do futuro «A família não é, nem pode ser, um desafio adiado. Não! É um desafio de hoje para a construção de um futuro melhor», porque «o futuro da humanidade passa pela família». A afirmação desta convicção foi feita por Carlos Aguiar Gomes, no decurso das Jornadas Teotonianas, numa abordagem à realidade da família. Abordando a questão da família como “espaço de vivência e educação de valores humanos”, depois de estabelecer uma definição da mesma fundamentada na heterossexualidade, na estabilidade cuja indissolubilidade é a «perfeição», em ordem a uma comunidade, o presidente da Associação Famílias disse não duvidar que ela é «não só o espaço mas o tempo oportuno para a vivência dos grandes e estruturantes valores da humanidade». Insistindo nesta ideia, Carlos Aguiar Gomes sublinhou a oportunidade para a vivência dos valores que dão fisionomia a esta «célula funcionante do amor», do acolhimento à vida, da responsabilidade, da tolerância, do respeito mútuo, da aceitação da diferença, da solidariedade, entre outros valores que considera «estruturantes da idiossincrasia familiar». Face a este tempo «tardo-moderno», com a emergência de novos paradigmas, o presidente da Associação Famílias defende que a vivência dos valores humanos numa família é o «primeiro, principal e insubstituível passo para uma educação familiar» rumo a uma verdadeira «comunidade de vida e de amor». Advertindo que «não há educação neutra», esta ou se faz estruturada na vivência «contínua e coerente» dos valores, e portanto num ambiente «favorável e consonante», ou «a família como primeira comunidade educativa entrará em falência». Amanhã, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Manuel Clemente encerra as XVIII Jornadas Teotonianas, a decorrer no salão paroquial de Monção, com a conferência intitulada “A família no projecto de Deus”.