Quebrar o círculo, combater a desigualdade

Director da Associação Cais lança alertas na celebração do Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza Assinala-se esta Sexta-feira, 17 de Outubro, o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza. Muitas são as iniciativas que em todo o mundo, e de forma particular, em Portugal, vão lembrar que a pobreza ainda existe e que a desigualdade é grande. Henrique Pinto, Director da Associação Cais, lembra à Agência ECCLESIA que há uns anos pouco ou nada era feito por ocasião do Dia Mundial da Erradicação da Pobreza. “A sensibilização dos Objectivos para o Desenvolvimento do Milénio não acontecia neste dia e muitos desconheciam que a nível mundial existisse um dia consagrado à erradicação da pobreza”. Ao longo dos últimos anos, a associação Cais tem vindo a desenvolver um trabalho, de campo, no combate à pobreza. Henrique Pinto aponta “operações ou estratégias que visam sensibilizar a população” e lembram que a pobreza “não se erradica só por acções de alguns, mas pela acção de todos quantos vivem no país”. A estratégia de combate à pobreza passa pela forma de trabalhar. A associação Cais não quer “que as pessoas sejam utilizadores de serviços pontuais que as ajude a sair de momentos complicados, mas que se capacitem e que se tornem protagonistas da sua vida”. Projectos que não visam a institucionalização e a perpetuação de fórmulas, mas que, na prática, quebram circuitos de pobreza, “mesmo que levem algum tempo”. Henrique Pinto aponta várias histórias “que acontecem” de pessoas que mudam o rumo da sua vida. “Casos que não se resumem a palavras bonitas mas que com acções podem mudar vidas”, adianta criticando o discurso “bonito sem acções”. O Director da Cais lamenta que, no quadro da crise financeira, “o discurso que conhecemos se regista ao nível da crise dos bancos, da cobertura da falência pelos Estados e nada ao nível da mudança de hábitos”. O fundamental nesta “falência” é a “alteração de hábitos”. Henrique Pinto aponta exemplos de endividamento excessivo “não para combater necessidades básicas, mas para ter acesso a bens de luxo, esperando que o Estado assegure depois as nossas poupanças”. Henrique Pinto frisa que “precisamos de uma sociedade civil feroz na regulação do sistema financeiro”, lamentando “a pobreza na consciência política e civil em Portugal”. A associação Cais promove neste dia 17 várias iniciativas no âmbito da luta contra a pobreza. No auditório da Assembleia da República vai decorrer uma conferência sobre «Portugal Desigual». A estação do Rossio será placo para o lançamento de um trabalho fotográfico sobre «Desigualdades». Na Fundação Calouste Gulbenkian, a associação vai juntar os actores sociais no I Encontro Nacional, “não porque queiramos marcar o primeiro, mas porque queremos apostar na continuidade”. Este encontro vai contar com a presença de Leonor Beleza para falar sobre «Actores Sociais e Direitos Humanos». “Os actores sociais são uma força no país e sem eles estaríamos bem pior”, relembra o director da associação que aponta “muitos anónimos que trabalham sem dar a cara”. Iniciativas, explica Henrique Pinto, que visam “explicar ao país que é escandaloso que Portugal continuemos a ter uma diferença de 7% entre os mais ricos e os mais pobres” e que nos 27 Estados-membros “sejamos o país com maior índice de desigualdade”. O Director da associação lembra que “quem ama não pode querer a riqueza só para si”.

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