Missão na primeira pessoa

Em pleno Outubro missionário, histórias de vida contadas pelos seus protagonistas na edição especial do semanário Agência ECCLESIA Um pouco por todo o mundo, missionários portugueses dedicam a sua vida ao anúncio do Evangelho, desde os sacerdotes que pertencem a Institutos religiosos tradicionalmente dedicados a esta tarefa à nova vaga do voluntariado missionário. Na edição especial do semanário Agência ECCLESIA, padres, religiosos, religiosas, casais, jovens e menos jovens explicam motivações, sentimentos, dilemas, encontros e desencontros nas aventuras missionárias. Sempre na primeira pessoa. Frei Manuel Rito Dias fala da sua experiência desde Díli, Timor-Leste, onde o Cristianismo é um elemento de identidade nacional. Já o P. Domingos Areais, da Diocese do Porto, explica o que é ser missionário no Japão: “o nosso trabalho apostólico aqui, na diocese de Osaka, consiste num aprofundamento do sentido comunitário e de comunhão entre os fiéis católicos, que suscite e desperte interesse nos que não são cristãos”. Da mesma Diocese, o P. Almiro Mendes partilha um pouco das suas aventuras na Guiné-Bissau, uma paixão que o levou a atravessar de Jipe o estreito de Gibraltar, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Senegal e Gâmbia, até à Guiné. “A experiência missionária de um ano na Guiné e a viagem de Jipe, que durou treze longos dias, não me tornaram nem melhor nem pior, mas fizeram-me ficar diferente e constituíram o tempo mais fantástico e a experiência mais extraordinária da minha vida de homem e de padre”, assegura. O P. Vítor Mira, da Diocese de Leiria-Fátima, partilha com os leitores um dilema pessoal: “perto da minha ordenação sacerdotal, vivi uma grande proximidade entre a opção vocacional e a de ir em missão para longe, porque ao partir sentia mais forte e verdadeira a minha radical decisão de entregar a minha vida a Deus pelo serviço aos irmãos”. “Parti para a diocese do Sumbe, em Angola, ainda durante o meu primeiro ano de padre e por lá estive durante três anos e meio, tendo vivido uma experiência que foi ao mesmo tempo exigente e gratificante”, assinala. Já o P. António Felisberto, da Diocese de Viseu, explica como decidiu passar um ano em Missão, em Cabo Verde, e o que aprendeu nessa experiência. “Nestas terras de Cabo Verde, pude diversificar as minhas aprendizagens, pelo contacto com uma realidade nova, com a problemática do relacionamento dos missionários com uma jovem Igreja local ‘autónoma’ emergente, as questões culturais, históricas e linguísticas, sociais e económicas e mesmo políticas (pude acompanhar as suas eleições autárquicas) de um país que, embora considerado de Desenvolvimento Médio, sofre a seca, a fome e a desigualdade de oportunidades, enfim desafios à Igreja que vive em Cabo Verde”, refere. Voluntários Nascida em França e residente há nove anos em Portugal, Celine Pedro perdeu memória dos primeiros sinais missionários que a foram tocando e demonstrando uma vontade de partir. Celine está no grupo Onjoyetu há ano e meio. Mas ser missionária sempre esteve no seu horizonte. Nos três meses que esteve na missão do Gungo (Angola), Celine ajudou na alfabetização de crianças, prestou formação de saúde e primeiros socorros, e ainda formação para secretários e tesoureiros no Ondjando (um órgão administrativo de um bairro). Celine Pedro acredita que deu pouco de si, mas a gratidão é enorme: por enquanto dei três meses da minha vida, mas darei mais, porque quero voltar por mais tempo”. Lénia Mestrinho, Inês Alves e Pedro Freire são voluntários da GASNova e falam do projecto de apadrinhamento “Tios da Manga”, em Moçambique, que procura “instituir um pequeno-almoço como terceira refeição, criar hábitos de higiene e prover os jovens de material escolar e vestuário”. Maria Manuel Oliveira, da Juventude Doroteia, deixa uma revelação curiosa sobre a sua relação com África: “Todos os anos penso que este é o último, digo para mim própria que já não tenho idade, vida e coloco em dúvida aquilo que tenho para dar. Mas também todos os anos, ou quase todos, faço uma nova caminhada para partir e, ao mesmo tempo, chegar a um continente que neste momento tem um pedaço do meu coração”. Alexandra Abreu, da diocese de Lisboa, descobriu na Juventude Hospitaleira a resposta que procurava. Foi atrás do sonho de ser missionária ou de fazer voluntariado. Esteve em Timor- Leste durante um ano e mudou o rumo da sua vida. Ana Patrícia Fonseca, da Plataforma do Voluntariado Missionário da Fundação Evangelização e Culturas, assinala que “o Voluntariado Missionário pode parecer um pequeno contributo se comparado com tantas vidas doadas de forma total e sem limites. Mas certamente é muito mais do que uma pequena dádiva, sobretudo pelo que pode potenciar”. Em casal Joana Portela e Carlos Rodrigues foram voluntários em Moçambique, de 2002 a 2004, e são um caso especial, porque a sua missão decorre enquanto casal. “Partimos em missão para Moçambique dois meses depois de casarmos, confiantes de que ‘É Deus quem passa e faz partir. É Deus quem faz a casa’, como anunciava o cântico que escolhemos para abrir o nosso casamento”, indicam. Segundo o casal, “partir por dois anos como missionários dos Leigos para o Desenvolvimento foi um projecto sonhado a dois, que foi crescendo e amadurecendo durante os anos de namoro”. Ambos recordam que “enquanto casal, confrontámo-nos com algumas situações que traduzem bem as diferenças culturais. Na missa, por exemplo, permanecíamos juntos, embora o costume local fosse mulheres para um lado, homens para o outro, mesmo entre os casais”. “Uma experiência missionária, numa realidade tão diferente da nossa – por vezes tão dura, por vezes tão cheia de Deus – marca-nos a vida. Muda-nos a vida. O tempo de missão, vivido em cumplicidade, foi fundamental, sobretudo, para percebermos o que queremos fazer da nossa vida, como queremos vivê-la, lá ou cá, como queremos educar os nossos filhos”, asseguram. Para Joana Portela e Carlos Rodrigues, “termos passado por esta experiência juntos contribuiu muito para falarmos a mesma linguagem, para partilharmos as mesmas preocupações em relação ao mundo, para estarmos em sintonia quanto ao nosso projecto de vida e à nossa missão como cristãos”. A Edição Especial do semanário Agência ECCLESIA, uma revista de 80 páginas, a cores, é dedicada aos temas da Missão, do Sínodo dos Bispos e ao Ano Paulino. Encomendas desta edição podem ser dirigidas ao Secretariado Nacional das Comunicações Sociais por correio convencional (Quinta do Cabeço – Porta D 1885-076 Moscavide), electrónico (agencia@ecclesia.pt) ou por via telefónica (218855472). A edição especial está disponível online em www.ecclesia.pt/especial2

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