Publicações: «Sacra Pagina», o início da bíblia portátil

Livro apresentado no colóquio internacional sobre a Bíblia Medieval, na Biblioteca Nacional

Lisboa, 06 nov 2015 (Ecclesia) – A obra ‘Sacra Pagina’, de Luís Correia de Sousa, dedicada ao início das bíblias portáteis no século XIII inclui textos e imagens de coleções portuguesas e foi apresentada num colóquio internacional sobre a Bíblia Medieval, na Biblioteca Nacional.

“Em Portugal escondeu-se durante muitos anos a riqueza patrimonial das fontes que se dispõem, e por isso é bom que apareçam estas obras, que as dão a conhecer. As fontes que estão guardadas nos arquivos, se não forem dadas a conhecer ao público, é como se não existissem”, explicou o historiador José Mattoso que apresentou a nova publicação, esta quarta-feira.

O professor disse que quando leu a obra viu “iluminuras que não via há muito tempo” porque “estavam há muito guardadas”.

“As iluminuras não são apenas figuras bonitas, têm uma carga analítica muito profunda. Representam a fala de Deus para com os homens, de uma maneira inesperada”, acrescentou o antigo beneditino para quem é “muito bom” que as obras estejam disponíveis para todos.

O livro ‘Sacra Pagina’ surgiu da tese de pós-graduação de Luís Correia de Sousa, onde o historiador analisou as bíblias do século XIII, quando o livro sagrado dos cristãos passou de “grandes volumes pesados e inacessíveis a quase todos, para modelos mais portáteis, de tamanhos idênticos aos de hoje em dia”, explica a revista Família Cristã.

O autor revelou que a publicação da Paulus Editora, acabou por ser mais do que a sua tese uma vez que a primeira parte “é uma viagem iconográfica pelo mundo da Bíblia, única no mundo”, que “interessará” a todos os que gostam de história.

“A mais-valia desta obra é que, numa exposição, apenas se veem as iluminuras das páginas que estão abertas, e aqui vemos muito mais do que isso”, contextualizou Luís Correia de Sousa que compôs uma Bíblia a partir das iluminuras das 35 bíblias existentes.

A especialista francesa Patricia Stirnemann, do Institut de Recherche et d'Histoire des Textes, a quem o autor apelidou de “mãe” do projeto, também esteve na Biblioteca Nacional.

“Tive muito gosto em contribuir na metodologia da obra, pois o autor fez questão de dar a conhecer todas as bíblias, mesmo as que não estavam inventariadas e estavam esquecidas”, comentou especialista francesa.

“Muitos já fizeram este tipo de trabalho, mas é a primeira vez que o vejo feito com tanto prazer”, observou Patricia Stirnemann.

O historiador José Mattoso expressou ainda “admiração” pela obra e desejou a todos “inspiração para poderem continuar a trabalhar de uma forma tão perfeita nas iluminuras medievais”.

O Colóquio internacional ‘A Bíblia medieval – do Românico ao Gótico (séculos XII – XIII) – textos e imagens, produção e usos’, foi uma organização do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em parceria com dois centros de estudos da Universidade Católica Portuguesa e o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja.

FC/CB

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