Eugénio Fonseca partilha 42 anos de colaboração e amizade com o bispo D. Manuel Martins
Lisboa, 29 jan 2020 (Ecclesia) – Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, conta a sua vivência com o primeiro bispo sadino, D. Manuel Martins, na sua obra ‘Testemunho de duas vidas compartilhadas’, que é apresentada hoje, às 18h30, na Paróquia de Santa Joana Princesa, em Lisboa.
“A vida de D. Manuel não se esgota nesta publicação, nem tive a ousadia de narrar tudo do muito que aconteceu. São alguns dos acontecimentos que se passaram entre nós. Procurei escolher aqueles que podem trazer ao leitor alguma possibilidade de perceber quem era D. Manuel Martins”, disse o autor à Agência ECCLESIA.
Eugénio Fonseca recorda episódios de 42 anos de vida com “o saudoso” D. Manuel Martins na nova publicação que, tem a chancela da Paulinas Editora, e vai ser apresentada pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, também é natural de Leça do Balio, na Diocese do Porto.
A Diocese de Setúbal foi criada em 1975 e Eugénio Fonseca assinala que essa era “uma altura muito difícil, logo após o 25 de Abril, com todas as turbulências de um período pós-revolucionário”.
D. Manuel Martins percebeu também “os sinais dos tempos que a Igreja estava a dar” e, por exemplo, “deu lugar aos leigos”.
“Ele iniciou uma diocese à luz das orientações conciliares, não tenho dúvidas. Cheguei a questionar, na minha rebeldia dos 17 anos, se aquilo era ser Igreja quando instituiu a assembleia diocesana, que era um pouco mais do que os sínodos que hoje se realizam em muitas dioceses”, desenvolveu.
Eugénio Fonseca, que tinha “um percurso mais direcionado para o ritualismo religioso”, no contacto com o primeiro bispo de Setúbal, percebeu que “seguir Jesus era a manifestação religiosa da fé, mas era muito mais do que isso”.
“Estar a ver um bispo sujeitar-se a sugestões muitas vezes revolucionárias, muitas vezes questionava se estava numa assembleia de católicos se num comício de qualquer partido de esquerda”, acrescentou.
Para Eugénio Fonseca, o primeiro bispo de Setúbal, D. Manuel Martins “é um homem de Portugal, de todos os portugueses”, uns concordarão com as opções que fez, “outros nem tanto, outros nada, mas marcou qualquer uma destas formas” mas também de muitos países, porque foi, por exemplo, presidente da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo e “abraçou algumas causas internacionais”, como a autodeterminação de Timor onde teve “um papel bastante importante”.
A obra é prefaciada pelo general António Ramalho Eanes e vai ter também um lançamento no Porto, adiantou o autor.D. Manuel da Silva Martins nasceu a 20 de janeiro de 1927 e faleceu a 24 de setembro de 2017, em Leça do Balio – Matosinhos.
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