Publicações: Centro da Universidade Católica recorda papel dos católicos no 25 de Abril

Número especial da revista «Povos e Culturas» aborda transição para a democracia

Lisboa, 10 dez 2014 (Ecclesia) – O Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), da Universidade Católica Portuguesa, lançou um número especial da revista ‘Povos e Culturas’, dedicada ao papel dos católicos no 25 de Abril.

“A sociedade portuguesa sabe que os católicos no antigo regime tiveram um papel importante, através das associações e dos grupos de jovens, numa ação dirigente, sem alaridos, feita com muita persistência”, refere à Agência ECCLESIA Artur Teodoro de Matos, da direção do CEPCEP.

O responsável sublinha que este trabalho foi fundamental na “instauração do novo regime democrático”, porque além do golpe militar houve “aspetos que já vinham de antes”.

“Pouco se falou sobre a ação dos católicos e foi por isso que entendemos chamá-los, através de estudos e de depoimentos”, acrescenta.

A obra, com contributos de mais de 30 autores, foi lançada esta terça-feira em Lisboa.

Roberto Carneiro, presidente da direção do CEPCEP, fala na necessidade de sublinhar o papel dos católicos, 40 anos depois do 25 de Abril, através de “um bom contributo para a historiografia contemporânea”.

‘Católicos portugueses e democracia’ é a reflexão apresentada por Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, que sublinha à Agência ECCLESIA a “importância muito significativa” dos membros da Igreja neste processo.

O especialista sublinha que a partir de 1945, após o fim da II Guerra Mundial, houve uma grande expetativa de abertura e “um grupo significativo de católicos, ainda assim, se afirmou, inclusive no Movimento de Unidade Democrática”.

Guilherme d’Oliveira Martins recorda ainda a candidatura de Humberto Delgado, em 1958, e a ação de Francisco Lino Neto “ao reivindicar a abertura do regime” com um “forte empenhamento social”, bem como a revista ‘O tempo e o modo’, que se publicou pela primeira vez em 1963, ligada ao Centro Nacional de Cultura, sob a direção de António Alçada Batista.

Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da UCP, apresenta reflexões sobre ‘A Igreja e a ordem democrática’ e outro texto sobre Adérito Sedas Nunes, realçando que muitos católicos “contribuíram para que a ordem democrática se fosse instalando em Portugal”.

“Há aqui alguma componente doutrinária, não apenas histórica e testemunhal, com elementos para o futuro que colocam aos católicos responsabilidades de construção de uma ordem democrática mais livre, mais justa”, refere, a respeito do mais recente número da ‘Povos e Culturas’.

LS/OC

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