Próximo encontro do Comité Católico Internacional para os Ciganos realiza-se em Portugal

Obra Nacional para a Pastoral dos Ciganos vai procurar «sensibilizar a opinião pública e a Igreja» para a «discriminação» que tem atingido esta comunidade

Lisboa, 12 abr 2011 (Ecclesia) – Portugal vai receber o próximo encontro do Comité Católico Internacional para os Ciganos (CCIT), organismo que se tem afirmado como “espaço de partilha de experiências” entre aqueles que, a nível europeu, trabalham em favor destas comunidades.

“Vamos dar a conhecer um pouco da nossa realidade, ajudar a sensibilizar um pouco a opinião pública no nosso país, que é, se calhar, de todos os que conheço na Europa, aquele que mais discrimina os ciganos, onde existem mais preconceitos e não só a sociedade mas a própria Igreja” realça o frei Francisco Sales, diretor da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC) em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA.

No final do ano passado, o conflito em torno da deportação de ciganos em França colocou a nu a dificuldade da União Europeia, e da sociedade em geral, em arranjar espaço para todos os seus cidadãos se desenvolverem.

Em Portugal, têm sido denunciados pela ONPC vários atos de anticiganismo, discriminação racial e xenofobia praticados contra esta etnia, como por exemplo o muro que foi colocado à volta do Bairro das Pedreiras, em Beja, que acolhe uma grande comunidade cigana.

Mas este não é só um problema da sociedade, mas também da própria Igreja Católica, já que “hoje raramente encontramos um cigano católico em Portugal, quase todos aderiram às Igrejas Pentecostais porque a Igreja Católica os marginalizou e abandonou” lamenta frei Sales, que dá um exemplo concreto desta realidade.

“No mês de junho vai haver uma audiência privada com o Papa, no Vaticano, em que pedem uma representação de cinco ciganos católicos por país, e eu estou com dificuldade de encontrar cinco para enviar”.

Este mês, o CCIT esteve reunido na Holanda para refletir sobre as dificuldades dos ciganos na Europa, com o tema “No coração das fragilidades, a esperança”.

Segundo o diretor da ONPC, as maiores fragilidades que foram notadas, ao longo do encontro do CCIT, “não estão nem nos ciganos nem nos pobres, estão nos ricos e nos poderosos, que devido à sua incapacidade em enfrentar a realidade, para a dominarem, utilizam a força e o poder para controlarem os outros”.

A esperança, para os líderes da Pastoral Cigana, é que “tal como já sucedeu em outros momentos da História”, desta conjuntura resulte uma mobilização geral dos mais fracos e oprimidos, no sentido de verem os seus direitos atendidos.

Trata-se de uma matéria para continuar a debater, desta vez em Fátima, de 23 a 25 de  março de 2012.

JCP

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