Proteção de Menores/2024: Grupo VITA quer desenvolver trabalho com seminaristas

Organismo que criou manual «Conhecer, prevenir e agir» está a desenvolver vários estudos, como «dois programas de prevenção»

Lisboa, 08 jan 2024 (Ecclesia) – A coordenadora do Grupo VITA afirmou que o organismo tem o objetivo de desenvolver um trabalho com os seminaristas em Portugal, ao longo de 2024, na área da prevenção dos abusos de menores e das questões da sexualidade.

“Um dos objetivos é o trabalho com os seminaristas, perceber o que é que está a ser feito durante a sua formação, que necessidades há de trabalhar este grande tema, porque é trabalhar as questões da sexualidade em geral, um tema muito tabu, cheio de vergonha, muito evitado, de forma explicita”, referiu Rute Agulhas à Agência ECCLESIA.

A responsável lembrou que, recentemente, um padre lhe falava sobre as dificuldades sentidas, por muitos colegas, de abordar os temas ligados à sexualidade.

“É fundamental que, desde o início da formação dos sacerdotes, este tema seja falado de uma forma aberta”, realçou a psicóloga.

Rute Agulhas adiantou que o Grupo VITA, criado por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), está “a desenvolver” neste ano letivo 2023/2024 “quatro estudos de investigação”, com um desses estudos querem “perceber a vivência da sexualidade em seminaristas, em diáconos, em padres”, perceber à medida que a pessoa é sacerdote há mais anos “como é que esta situação da castidade, do celibato vai sendo vivida”.

A responsável realçou também que no final deste ano de 2024 este organismo quer apresentar “dois programas de prevenção”, para serem trabalhados diretamente com crianças e jovens, estudos que estão a ser desenvolvidos.

A coordenadora do VITA lembra que “nunca foi feito” um estudo de prevalência a nível nacional, uma das propostas deste grupo, alertando que não existe “um diagnóstico, um mapa” desta realidade em Portugal “de uma forma clara” e “sair das fronteiras da Igreja”, como é muito importante que fosse criado o “provedor da criança, que defenda os seus direitos nas várias áreas e nos vários contextos”.

“Outra medida que sublinhamos é a necessidade de rever os prazos de prescrição destes crimes. Na nossa amostra o tempo médio que as pessoas demoram para revelar é 42 anos, não é compatível com fazer uma denúncia até aos 23 anos de idade”, desenvolveu Rute Agulhas.

A responsável falava em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, onde apresentou ‘Conhecer, prevenir e agir’ – Manual de Prevenção da Violência Sexual contra Crianças e Adultos Vulneráveis no Contexto da Igreja Católica em Portugal “.

No dia 12 de dezembro de 2023, o Grupo VITA apresentou o seu primeiro relatório de atividades, no qual informa que identificou 64 vítimas de violência sexual e um agressor, desde o início dos seus trabalhos, a 22 de maio de 2023.

Os pedidos de ajuda dirigidos ao Grupo VITA podem ser encaminhados para a linha de atendimento telefónico 915 090 000 ou através do formulário para sinalizações disponível no site www.grupovita.pt.

PR/CB/OC

 

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