Proposta católica em «mundo fragmentário»

D. Manuel Clemente, bispo do Porto, antecipa debate do próximo Sínodo dos Bispos, dedicado à Nova Evangelização

Lisboa, 04 set 2012 (Eclesia) – O bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que a proposta da Igreja Católica tem de assumir um papel central na “reconstrução” do mundo atual, que considera “fragmentário e dissonante”.

“O cristianismo é uma casa para toda a gente, porque toda a humanidade é a casa de Cristo”, disse D. Manuel Clemente, em entrevista hoje publicada no Semanário Agência ECCLESIA, que antecipa o próximo Sínodo dos Bispos.

A 13ª assembleia geral sinodal vai decorrer no Vaticano, entre 7 e 28 de outubro, sendo dedicada ao tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.

O bispo do Porto, um dos participantes portugueses nesta reunião, espera que a mesma permita “apurar conceitos” e frisa que não é o mesmo “encarar a ‘nova evangelização’ do ponto de vista ‘cultural’ – incluindo os indispensáveis debates filosóficos e a equação correta das relações entre ciência, razão e fé, bem como a dimensão estética do cristianismo -, ou verificar a condição básica do seu processamento”.

Para este responsável, o futuro passa pela “redefinição ou reconfiguração comunitária da vida cristã, meio vital para que tudo o mais aconteça e irradie”.

Num olhar sobre as décadas que se passaram desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), o vice-presidente da CEP destaca a “responsabilização laical e familiar” numa sociedade “que já não se garante em termos de ‘cristandade’, antes a desafia em pontos cruciais da mentalidade e dos comportamentos”.

O prelado destaca o esforço feito para dar “maior atenção” à Bíblia, a “maior vivência comunitária dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia”, “o reforço da ação sociocaritativa, do diálogo ecuménico e inter-religioso” e “a presença na comunicação social e mediática”.

“Quando se estudarem sistematicamente os planos, programas e iniciativas das dioceses, da CEP, dos institutos e movimentos em Portugal, do Concílio aos nossos dias, a visão geral será surpreendente”, sublinha D. Manuel Clemente.

Relativamente ao tema do próximo sínodo, o bispo e historiador destaca que a expressão ‘nova evangelização” designou, desde João Paulo II (Papa eleito em 1978), “algo que vinha sendo sentido e não encontrara ainda expressão própria”, ou seja, “a necessidade de relançar a evangelização na Europa e além desta”.

“Tal necessidade correspondia à consciência de que o mundo mudara muito ao longo do século XX e sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial. Acentuara-se a deslocação das populações para os centros urbanos, perdendo ritmos religiosos tradicionais; rarefazia-se ou individualizava-se a conotação religiosa da existência; alargava-se a consciência mundialista e inter-religiosa, com acesso generalizado aos media”, recorda.

D. Manuel Clemente observa, a este respeito, que o falecido Papa polaco “estava profundamente convicto de que a paixão por Cristo – e só esta! – encontraria no século XX os melhores métodos e expressões para o testemunhar a quem quer que fosse e onde quer que fosse”.

O sínodo vai reunir centenas de bispos, maioritariamente designados pelas conferências episcopais, a que se juntam peritos e outros convidados.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top