Igreja: Originalidade da «Nova Evangelização» está em Jesus Cristo, diz teólogo

Católicos não conseguiram «lançar e cimentar dinâmicas que introduzam mudanças significativas na realidade»

Lisboa, 04 set 2012 (Ecclesia) – A originalidade da ‘Nova Evangelização’ está na Bíblia e não na criatividade e metodologias dos anunciadores, nem nos desafios colocados à Igreja por uma sociedade em mudança, considera o teólogo Juan Ambrosio.

“Estou convencido de que a novidade que verdadeiramente importa é essa que o Evangelho de Jesus Cristo é capaz de trazer e dar ao ser humano e à sua história”, sublinha o professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa em artigo publicado na edição de hoje do Semanário Agência ECCLESIA.

No texto que integra o dossier dedicado à 13.ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que de 8 a 27 de outubro vai refletir no Vaticano sobre ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’, o investigador considera que a Igreja está diante da “exigência de um claro movimento de refontalização em Jesus Cristo”.

“Julgo ser necessário refletir o ‘novo’ da nova evangelização não simplesmente a partir da perspetiva das metodologias, e da criatividade de que as diversas atividades neste âmbito se devem revestir”, refere o teólogo, acrescentando que também não é “suficiente” refletir sobre o anúncio cristão “a partir da novidade do tempo”.

Entre os elementos que caracterizam a ‘Nova Evangelização’ inclui-se o “anúncio explícito do Reino de Deus”, a “responsabilidade de todos os membros da comunidade eclesial” e a preocupação “em dialogar com os que não acreditam e com os que acreditam de outra maneira”, refere.

O docente observa que “apesar de muito se ter falado e de se continuar a falar em ‘Nova Evangelização’, ela não conseguiu ainda lançar e cimentar dinâmicas que introduzam mudanças significativas na realidade”.

Juan Ambrosio dá como exemplo o Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE), realizado em Lisboa no ano de 2005: “apesar de terem surgido novas dinâmicas em algumas comunidades, verdadeiramente não se pode falar numa diferença significativa entre o antes e o depois”.

“Ainda não passaram assim tantos anos sobre esta iniciativa, que se queria verdadeiramente marcante, e são muitos aqueles que pouco ou nada sabem dizer acerca dela”, frisa, acrescentando que os vários “testemunhos das experiências que se vão realizando nos mais diversificados contextos” dão conta de “dificuldades”.

O sínodo que decorre em outubro no Vaticano vai contar com a participação de dois prelados portugueses: D. Manuel Clemente, bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e D. António Couto, responsável pela Diocese de Lamego e presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.

Constituído por bispos maioritariamente eleitos pelas conferências episcopais, a que se juntam peritos, o sínodo aconselha o Papa, que lhe pode atribuir poder deliberativo.

A escolha da temática é habitualmente precedida de consultas que resultam num esquema sujeito a discussão, os ‘Lineamenta’, a que se segue o guião dos trabalhos sinodais, denominado ‘Instrumentum Laboris’.

O programa dos sínodos inclui intervenções de bispos e a redação das proposições, posteriormente entregues ao Papa, que por sua vez redige uma ‘Exortação Apostólica Pós-sinodal’.

RJM

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