Profetas da esperança e servidores da verdade

Homilia do Bispo de Aveiro na Bênção dos Finalistas 1. A Igreja celebra neste Domingo a Liturgia da Ascensão do Senhor. Ao contemplar Jesus que parte para o Pai e ao aguardar a vinda do Espírito Santo para confirmar os Apóstolos na sua missão, sentimos a alegria de ser Igreja que nasce da Páscoa de Jesus Cristo, vivo e ressuscitado. Celebramos esta festa e assumimos o seu pleno sentido convosco, caros finalistas, com as vossas famílias e amigos, com a Universidade e com a Cidade. Celebra esta Bênção de Finalistas a Igreja Aveiro e o seu Bispo – esta Igreja que, nas suas comunidades cristãs e movimentos apostólicos mas sobremaneira através do Centro Universitário Fé e Cultura, vos acolheu e ajudou a crescer na fé e a viver a beleza e a alegria desta mesma fé ao longo de todo o tempo universitário. O texto do Evangelho, hoje proclamado, fala-nos do encontro de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, o último encontro antes da Ascensão. Jesus vai ao encontro dos discípulos numa pequena montanha chamada Galileia das Nações, nome que anuncia os horizontes da universalidade da missão e da catolicidade da Igreja. “Eu estarei sempre convosco” diz-nos Jesus . É desta certeza da presença de Jesus que nós somos testemunhas. É esta presença que hoje celebramos. É o seu mandato apostólico: “ide por todo o mundo” que também hoje recebemos, para que sejamos “suas testemunhas até aos confins da terra” . São Paulo na segunda leitura ajuda-nos a interpretar, numa visão de fé, a Ascensão de Cristo, reavivando a partir deste acontecimento a nossa esperança cristã e fortalecendo a nossa vocação de discípulos e a nossa missão de apóstolos. 2. A vossa presença, caríssimos finalistas, neste dia de Bênção e o desejo de centrardes este momento na Eucaristia, palavra de vida e alimento de salvação, afirmam a vossa fé e anunciam o compromisso de uma vida cristã na Igreja e no Mundo. Sede bem-vindos! Esta hora assume uma bela experiência de fé, não apenas pela multidão aqui reunida, pelo número de famílias aqui congregadas e pelos vossos inúmeros amigos aqui trazidos mas sobretudo pelo valor que por todos nós é dado a esta celebração e pelo sentido que nela vós, caros finalistas, encontrais para daqui projectardes o vosso futuro. A autenticidade da nossa oração, o vosso comum sentido de pertença a Cristo e à Igreja, a generosidade com que acolheis os desafios para que a Universidade vos preparou e o contributo imprescindível nas causas do bem que de vós o mundo espera afirmam o carácter insubstituível desta celebração. O tempo que se adivinha no vosso futuro tem aqui a sua âncora. Não para vos deixar continuamente amarrados ao cais ou presos às seguranças aqui encontradas, mas para daqui partirdes com o encanto e o entusiasmo de quem se sente preparado para grandes e exigentes viagens. É na consciência do mérito conseguido ao longo do tempo e hoje aqui celebrado, em bênção de Deus a todos oferecida, que se deve ancorar a vossa esperança. Se partirdes de Deus, e esta celebração tem esse sentido, estareis sempre preparados e livres para a surpresa do caminho, disponíveis para a exigência do trabalho, acolhedores diante da novidade que a vida vos oferece, fortalecidos para vencer as dificuldades e decididos a construir uma sociedade centrada na dignidade da pessoa humana e iluminada por uma mundividência cristã. Se partirdes de Deus sereis “corajosos anunciadores do Evangelho e construtores audazes da civilização da verdade, do amor e da paz”, como repetidamente pedia João Paulo II aos jovens. A Bênção dos Finalistas constitui para todos nós um estímulo para a nossa fé, uma pedagogia para a oração sempre necessária, um apelo evangélico para uma ética de vida coerente, um convite à sintonia com a mensagem de Cristo e uma fonte de luz para um agir profissionalmente competente e cristãmente consequente. A Bênção de Finalistas oferece-me a oportunidade de vos recordar as palavras de Bento XVI na última Jornada Mundial da Juventude: “Abri o vosso coração a Deus e deixai-vos surpreender por Cristo. Concedei-lhe o direito de vos falar”. É ainda o Santo Padre Bento XVI que nos lembra que “quem descobriu Cristo deve reconduzir a Ele os outros”. É essa também a vossa missão, caros Finalistas. 3. É no contexto desta mesma missão de descobrir Cristo e de a Ele reconduzir os outros que devemos acolher o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais que hoje celebramos: “Procurar a verdade e partilhá-la” “O homem tem sede de verdade e anda à procura de verdade”, diz-nos a mensagem para este dia. Que outra síntese poderíamos fazer de todo o trabalho realizado em estudo, em aprendizagem, em investigação e em intercâmbio de saberes e busca de novas conquistas técnicas e de avanços científicos que a Universidade vos proporcionou, senão esta: a de alguém que procura a verdade e a deseja partilhar com os outros, sem ambiguidades nem rodeios ou constrangimentos! Procurar a verdade e ser servidor da verdade deve ser também a vossa vocação, caríssimos Finalistas. Aí se cumprem a alegria e a beleza do trabalho para que os vossos cursos vos prepararam numa diversidade tão bela e numa complementaridade tão necessária que nos permite acreditar que convosco um mundo melhor começa a nascer. Que o exemplo de um ambiente de trabalho de excelência encontrado na Universidade se multiplique num serviço profissional de mérito por todos vós sempre realizado. Queria, caríssimos Finalistas, que a oração hoje rezada, a Eucaristia hoje celebrada, a alegria da fé e o entusiasmo em relação ao futuro hoje sentidos se tornassem permanentes e definitivos em vós. “No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança… com mansidão e respeito” lembrava-nos São Pedro no domingo passado. 4. Ajuda-nos a confessar Cristo e a dar testemunho das razões da nossa esperança a Mãe de Jesus. Confiemo-nos a Ela, Senhora e Mãe, neste momento de Bênção de Finalistas e neste dia dedicado às nossas Mães. Saudemos as nossa Mães com a doçura e o respeito de quem lhes deve o dom da vida e nelas encontra a escola e o santuário onde se tocam de perto a bondade e a ternura de Deus e onde se aprende o sentido da sabedoria, da verdade e do bem que inspiram o saber e o agir humanos. Dedicamos com toda a gratidão à Mãe de Jesus e Mãe da Igreja e às nossas Mães, particularmente às vossas Mães, caros Finalistas, este momento de alegria, de esperança e de bênção 5. “O lugar da luz é no candelabro… o fermento deve misturar-se na massa… a verdade deve ser gritada dos telhados” . Convido-vos, caros Finalistas, a serdes luz que ilumina, fermento que transforma, verdade que liberta, ao longo do caminho que hoje se anuncia e que a Bênção de Deus vos ajudará a percorrer. Nunca vos faltará nesta viagem a alegria da generosidade, a coragem da perseverança, o sentido do bem comum e a certeza de que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Deus vos ilumine com a sua Bênção. Ámen. Alameda da Universidade de Aveiro, 4 de Maio de 2008 X António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro

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