Prisões: Prevenção, inserção dos reclusos e trabalho de conjunto são apostas do novo coordenador da pastoral penitenciária (c/vídeo)

Padre José Luís Gonçalves da Costa sucede ao «carismático» padre João Gonçalves, com tarefa de continuar «capital de confiança» numa área pastoral «marginalizada»

Lisboa, 25 fev 2021 (Ecclesia) – O padre José Luís Gonçalves da Costa, novo coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, da Igreja Católica, assume três áreas de prioridade, que passam pela prevenção, a pastoral prisional “entendida no âmbito da capelania” e a reinserção.

“Trata-se de um projeto que resultou a partir do grande encontro ibérico que aconteceu entre as várias pastorais prisionais na Península, que o padre João Gonçalves queria desenvolver, e que implica um olhar na estrutura prisional em si, mas também no prévio, em toda uma pastoral de prevenção e uma pastoral de inserção necessária também”, explica o sacerdote à Agência ECCLESIA.

O novo coordenador sublinha a importância de ajudar uma população “já marcada e marginalizada” a estar no centro, que deixe a “periferia e esteja no coração da Igreja”.

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa procedeu esta segunda-feira à nomeação do padre José Luís Gonçalves da Costa e do diácono José Farinha de Noronha e Andrade (Patriarcado de Lisboa), como coordenador e coordenador-adjunto da Pastoral Penitenciária.

O padre José Luís recorda o trabalho “carismático” e feito “com coração” que o padre João Gonçalves foi fazendo, “com empenho pessoal, realizou verdadeiros milagres”, assumindo agora o desafio de “recuperar a rede que ele, muito sabiamente foi alimentando, mantendo e permitindo esta presença ativa da Igreja dentro do sistema prisional”.

O padre José Luís Gonçalves da Costa é responsável, no Patriarcado de Lisboa, pelo acompanhamento pastoral na área penitenciária e, reconhece, “um trabalho fantástico” que importa potenciar, chamando “comunidades locais na pastoral prisional, o envolvimento das paróquias e movimentos, torná-la mais ativa e central na pastoral social”.

O sacerdote reconhece o desafio uma vez que a realidade difere entre estabelecimentos prisionais: “Sempre foi uma pastoral muito carismática onde as pessoas trabalhavam muito focadas nas experiências diretas que tinham” e onde, indica, “a relação pessoal” é importante.

O padre José Luís fala numa “sinodalidade” necessária para a pastoral penitenciária acontecer, que deve envolver “comunidades locais, grupos de voluntários, autoridades” e uma relação de confiança no diálogo institucional, sabendo que “experiências menos bem realizadas podem colocar em causa o trabalho feito” e fazer exacerbar os “normativos de segurança sempre complexos”.

“O enquadramento legislativo está feito, é assumido e está claro para todas as partes. É dialogável e trabalhável. A grande herança que recebemos do padre João é um capital de confiança que institucionalmente estava estabelecido, que tem de ser alimentado e adaptado aos desafios e às circunstâncias”, sublinha.

Sobre o impacto que a pandemia tem causado no acompanhamento espiritual dentro dos estabelecimentos prisionais, o novo coordenador esclarece que tem sido a realidade a ditar procedimentos, mantendo a presença do capelão “em alguns locais” onde o distanciamento é possível e optando por outras vias em locais de maior concentração.

“As dificuldades das nossas comunidades são as mesmas que temos num ambiente prisional com a agravante que é uma maior limitação da própria presença da interação, da relação e da gratuidade”, indica.

“Sei que todos os capelães têm conseguido estabelecer contacto telefónico, pela tradicional carta, e alguns onde os processos telemáticas estão a ser utilizados com os tribunais, por vezes são usados para algum encontro, mediante a agenda da utilização dessas estruturas; em alguns casos onde já é possível garantir os distanciamentos físicos, já começa a haver”, acrescenta.

Questionado sobre a vacinação de uma população que, “pelas condições do estabelecimentos prisionais”, não garantem o completo cumprimento das regras da DGS, o novo coordenador afirma confiança na equipa que coordena o plano de vacinas.

“No EP de Caxias que acompanho mais diretamente há celas comunitárias de nove ou 12 reclusos, em que se dorme em beliche. Obviamente que esta noção ajuda a compreender a urgência que espero que o critério de quem toma estas decisões tenha presente estas realidades. Já lhes foi, com certeza apresentada. A preocupação prende-se com o atraso na produção e entrega das vacinas”, complementa.

LS

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