Prisões: Faltam colaboradores para um trabalho pastoral «nunca totalmente realizado»

Padre João Gonçalves destaca a importância de uma ação preventiva e educativa que contrarie a lógica do «vale tudo»

Aveiro, 06 set 2013 (Ecclesia) – O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, padre João Gonçalves, considera essencial combater o crime através da “prevenção” e diz que faltam colaboradores para um trabalho “nunca totalmente realizado”.

Num texto incluído na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, o padre João Gonçalves salienta que esta problemática diz respeito “a toda a sociedade” porque ninguém está livre de cair na marginalidade, “a nodoa espreita o melhor pano”.

“De onde vêm as pessoas que enchem as nossas prisões? A resposta, todas a sabem: elas nasceram e viveram entre nós, na nossa casa, na nossa rua, na nossa cidade ou aldeia, pessoas que conviveram com os nossos filhos, netos, que receberam o sacramento do batismo, que foram líderes nas nossas comunidades”, recorda o sacerdote.

Segundo aquele responsável, as prisões portuguesas albergam atualmente mais de 14 mil pessoas, a maior parte delas “provenientes” do próprio país e cerca de “20 por cento” com “origem estrangeira”.

O caminho para contrariar estes números passa antes de mais, pelo empenho de todas as pessoas num trabalho de “prevenção” da criminalidade, um dos vetores primordiais da Pastoral Penitenciária, a par do trabalho junto dos presos e na procura da sua completa e adequada “reinserção” social.

Através da prevenção, “pessoas e organizações são convidadas a estar atentas a toda a gente, especialmente às mais frágeis; a anunciar valores, a ajudar a interiorizar o respeito pela vida, pela propriedade alheia, pela ordem pública, pelo respeito a todos devido, sem descurar o ambiente familiar”.

Está sobretudo em causa a “construção de uma sociedade melhor, que leve a prevenir os delitos; contribuir para o estabelecimento de processos de contínua conversão e mudança de vida, de crescimento pessoal e comunitário, fundados no respeito e na responsabilidade pessoal e comunitária”, aponta o padre João Gonçalves.

Uma das formas mais eficazes de prevenir o crime seria, por exemplo, “integrar crianças, adolescentes e jovens em associações e atividades recreativas, desportivas, culturais”, iniciativas que formem as novas gerações para uma vida com valores, “recusando” a atual lógica do “vale tudo”.

O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária diz que “são precisos muitos colaboradores que se juntem aos capelães das cadeias, aceitem receber a formação adequada, e entrem nas prisões, com intenção de dar tempo à escuta, compreensão e carinho a quem está em sofrimento”.

“Há, aqui, muito campo para a imaginação pastoral, e para um trabalho, nunca totalmente realizado”, aponta o responsável católico.

Entre 1 e 4 de maio de 2014, a cidade do Porto vai receber o 1.º Congresso Ibérico de Pastoral Penitenciária, subordinado ao tema “Dignificar a Pessoa Presa”.

Para o padre João Gonçalves, esta será uma boa oportunidade para consciencializar “toda a sociedade e todas as dioceses” para a necessidade de um esforço comum tendo em vista a prevenção da criminalidade, a reabilitação humana e espiritual dos presos e a sua inclusão na sociedade.

JCP

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