Preservar a vocação do berço do humanismo

Alertas de Bento XVI aos professores universitários da Europa “A Europa de hoje precisa de preservar e reassumir a sua autêntica tradição, se quiser permanecer fiel à sua vocação de ser berço de humanismo” – alertou, hoje, Bento XVI quando recebeu no Vaticano, dois mil professores universitários europeus, que participam num Encontro promovido pela Conselho das Conferências Episcopais da Europa, nos 50 anos do Tratado de Roma que deu origem, em 1957, ao embrião do que é hoje a União Europeia. O Papa fez votos de que as universidades europeias sejam cada vez mais “laboratórios de cultura” onde docentes e alunos, graças a um método interdisciplinar, intensifiquem o diálogo entre razão e fé, com o concurso também de teólogos. Começando por comentar o tema do Encontro – “Um Novo Humanismo para a Europa. O Papel das Universidades”, Bento XVI observou que “a Europa faz, actualmente, a experiência de uma certa instabilidade social e de desconfiança em relação aos valores tradicionais”. E contudo, “a sua rica história e as suas instituições académicas têm um grande contributo a dar para modelar um futuro de esperança”. Longe de ser o fruto de um desejo superficial de inovação, a busca de um novo humanismo deve tomar seriamente em consideração o facto de a Europa de hoje estar a fazer a experiência de uma massiva transformação cultural, na qual homens e mulheres têm uma crescente consciência de serem chamados a empenharem-se activamente de modelar a sua própria história. Historicamente, foi na Europa que se desenvolveu o humanismo, graças a um frutuoso intercâmbio entre as variadas culturas dos seu povos e a fé cristã. A Europa de hoje precisa de preservar e assumir de novo a sua autêntica tradição se quiser permanecer fiel à sua vocação de berço do humanismo. De entre os aspectos fundamentais ligados a esta questão de fundo, o Papa referiu expressamente três: a crise da modernidade, a compreensão da racionalidade, e o contributo que o cristianismo pode dar ao humanismo do futuro. Antes de mais, “a necessidade de um estudo compreensivo (isto é, abrangente) da crise da modernidade”, que, no entender do Papa, não tem tanto a ver com a insistência da modernidade na centralidade do homem e do que lhe diz respeito, mas sim com os problemas suscitados em razão de um humanismo que pretende construir um «regnum hominis» desligado do seu alicerce necessariamente ontológico”: O Cristianismo não pode ser relegado para o mundo do mito e da emoção, mas (há-se) ser respeitado na sua pretensão de lançar uma luz sobre a verdade relativa ao homem, para ser capaz de transformar espiritualmente os homens e as mulheres, habilitando-os a concretizarem o seu contributo, na história. O conhecimento não se pode limitar ao campo puramente intelectual. Inclui também uma renovada capacidade de encarar as coisas livre de preconceitos, deixando-se surpreender pela realidade, cuja verdade pode ser descoberta unindo compreensão e amor. O Papa concluiu o seu discurso aos professores universitários da Europa exprimindo a esperança de que as Universidades sejam cada vez mais “comunidades empenhadas numa incansável procura da verdade, laboratórios de cultura onde professores e estudantes colaboram na exploração de respostas de especial importância para a sociedade, recorrendo a métodos interdisciplinares e contando com a colaboração de teólogos”. “Estou convencido de que uma mais estreita colaboração e novas formas de amizade associativa entre as diferentes comunidades académicas permitirá às Universidades católicas testemunhar a fecundidade histórica do encontro entre fé e razão”. Com Radio Vaticano

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top