Padroeiro dos Migrantes está na Amora

Esta localidade da diocese de Setúbal dedica a primeira igreja da Europa ao beato João Baptista Scalabrini A ideia tinha mais de trinta anos. Quando a cidade da Amora começou a crescer, actualmente tem mais de 60 mil habitantes, “notámos que era fundamental uma nova para as necessidades pastorais” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Pedro Granzotto, pároco da Amora. Esta cidade da diocese de Setúbal irá inaugurar amanhã (24 de Junho) um novo templo dedicado ao Beato João Baptista Scalabrini (1839-1905), padroeiro dos migrantes. Depois de encontrado o terreno para a construção, “arregaçámos as mangas e começámos a trabalhar” porque “não era possível um bom trabalho pastoral numa Igreja com apenas 140 lugares sentados”. O novo templo – projectado pelo Arquitecto João Paixão Salvado – compreende, além de uma Igreja ampla, um Centro Paroquial com o cartório paroquial, salas de catequese, salão polivalente, sede dos escuteiros e da Conferência de São Vicente para as obras de solidariedade. Trata-se de uma igreja de linhas arquitectónicas modernas, com capacidade para 700 pessoas, que irá contribuir para a melhoria das condições de trabalho pastoral e social desta paróquia suburbana e multicultural. “Trata-se dum espaço necessário e sonhado desde há mais de duas décadas pela população” – disse o Pe.Pedro Granzotto. E acrescenta: “Na primeira fase temos uma despesa de um milhão e setecentos mil Euros”. A nova igreja terá como padroeiro o Beato João Baptista Scalabrini, fundador dos Missionários Scalabrinianos. O Pe.Pedro Granzotto, missionário desta congregação, realça que o motivo que levou à escolha deste santo para padroeiro reside “no perfil de Scalabrini”.”Como viveu numa época dramática e viu os seus diocesanos emigrarem em grande número dedicou-se a fundo na sensibilização da realidade migratória” – contou o sacerdote da Amora. Tem todo o sentido dedicar o templo ao padroeiro dos migrantes numa cidade situada na margem sul do Tejo, onde residem cerca de 70 000 habitantes, na sua grande maioria migrantes oriundos de diversas regiões do País, bem como dos Palop, do Brasil e do Leste europeu. Graças a esta acentuada mobilidade humana que se desenhava como estrutural, a Igreja Católica propôs, no início dos anos 70, a abertura de uma Missão dos Missionários de S. Carlos – Scalabrinianos nesta Comunidade Paroquial. A paróquia continua, actualmente, confiada a estes Missionários cujo trabalho pastoral e cultural é particularmente dedicado aos migrantes. “Uma forma de homenagear os imigrantes que vivem nesta localidade” – afirmou. Será a primeira igreja ” portuguesa e de toda a Europa” dedicada a esta figura única da história da Igreja do séc. XIX. E acrescenta: “Em Itália há um igreja co-dedicada mas esta será a primeira”. A cerimónia de inauguração terá lugar pelas 16h00 e contará com a presença do Bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis, para além da Governadora Civil de Setúbal, responsáveis autárquicos, representantes de associações de migrantes, cívicas, culturais e recreativas, forças de segurança, clero e de toda a população da comunidade paroquial. Do sonho à realidade A velha igreja matriz (século XVI), que tem capacidade para 150 lugares, tornou-se totalmente insuficiente: os 2.500 fiéis que participam regularmente na Eucaristia dominical, a 1.500 crianças inscritas na catequese, os grupos de jovens, os escuteiros e os outros grupos e movimentos, precisam de instalações adequadas. O Pe. Pedro Cerantola, pároco de Amora em 1974-1979, começou a procurar um terreno e recolher fundos em vista de construir uma nova Igreja. O terreno previsto naquela altura era precisamente o da Quinta da Mariana. Mais tarde, em 1993, sendo pároco o Pe. Pio Fantinato, a Câmara Municipal do Seixal cedeu um terreno próximo ao cruzamento das Paivas, atrás do depósito da água. Em 1995 foi feito e aprovado um projecto, dirigindo um pedido de comparticipação financeira ao Estado, que ficou sem alguma resposta. No ano de 2001, o Pe. Granzotto e a comunidade paroquial, confiando na providência de Deus, decidiram avançar com a obra, contando apenas com as suas próprias capacidades e recorrendo à generosidade do povo e dos benfeitores … Foi nesta altura que a Câmara Municipal do Seixal comunicou que o terreno doado para a Nova Igreja, já não estava disponível, pois era destinado para ampliar o depósito de água. Começaram, então, as tentativas da cedência de outro terreno. Passaram, assim, dois anos de angustiosa expectativa. No ano de 2003, a Câmara Municipal do Seixal, cedeu outro terreno, o actual, sito na “Quinta da Mariana”, perto da Escola Secundária de Amora. Foi, então, abandonado o antigo projecto e foi elaborado um novo projecto, menos ambicioso, menos caro e mais funcional. Este projecto foi aprovado pela Câmara Municipal do Seixal e pela Comissão de Arte Sacra da Diocese de Setúbal. Foi escolhida a empresa que construi a Nova Igreja (Vila Arrabida) e, depois da assinatura do contrato, finalmente começaram as obras.

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