Portugal – um exemplo de Diálogo Inter-Religioso

Preconceito religioso nasce, em grande parte, do desconhecimento e falta de informação De certa forma o Diálogo Inter-Religioso está na ordem do dia e as relações entre as Religiões encontram-se num processo contínuo de aprofundamento, compreensão e entendimento. No nosso país o contacto entre diferentes confissões Religiosas teve o seu início antes da Revolução de 1974 de uma forma muito ténue, devido à falta de liberdade religiosa. De referir as relações cordiais entre o Presidente da Comunidade Islâmica Dr. Valey Mamede e a Comunidade Bahá’í de Portugal na década de 60. O acontecimento mais mediático teve lugar na Figueira da Foz em Março de 1971. O colóquio “Liberdade Religiosa e Liberdade Humana” teve o efeito de acelerar as consciências para a tolerância e liberdade religiosa. Este colóquio foi o percursor do Diálogo Inter-Religioso de uma forma mais alargada e sistemática. Registamos a presença de cristãos, muçulmanos e bahá’ís. De notar a participação do Dr. Vasco da Gama Fernandes e Dr. Francisco Sá Carneiro. Do ponto de vista legislativo foram necessários esperar ainda largos anos para que a lei 16/2001, mais conhecida como a Lei de Liberdade Religiosa fosse publicada só em 2001. Após Abril de 1974 a sociedade portuguesa conheceu um período de grandes modificações, nomeadamente a vinda de cidadãos da África de expressão portuguesa, professando o Hinduísmo e Islamismo. O Diálogo Inter-Religioso teve um particular incremento com a publicação da Lei 58/90 que regulamenta o tempo de emissão para Confissões Religiosas. O preconceito religioso nasce, em grande parte, do desconhecimento e falta de informação sobre os ensinamentos sagrados e actividades das Confissões Religiosas. Quanto maior e mais aprofundado for o conhecimento da essência dos valores de cada confissão, tanto mais fácil é verificar pontos de convergência, começando com a crença num Deus único. O tempo de emissão atribuído às Confissões Religiosas tem sido um factor importante para um Diálogo Inter-Religioso mais sistemático que tem contribuído para o conhecimento e o respeito pela diversidade. A Igreja Católica tem participado activamente no Diálogo Inter Religioso e teve a iniciativa de incluir um Espaço Inter-Religioso na EXPO-98. As múltiplas reuniões que levaram a que tal Espaço fosse uma realidade permitiram aos representantes das Confissões Religiosas um diálogo e uma consciência espiritual, na medida em que o Espaço Inter-Religioso constituiu uma expressão de tolerância e universalidade, centrados no Divino e na Fé. Dos encontros organizados em Portugal salientamos pela sua expressão nacional e pelo seu simbolismo: Janeiro de 2002 A Igreja Católica convidou hindus, budistas, islâmicos, bahá’ís, judeus, ortodoxos e presbiterianos para um encontro Inter-Religioso na Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa. D. José Policarpo afirmou: “A paz é um dom de Deus e quem acredita em Deus, seja quem for, tem de estar no mundo em paz. As celebrações ecuménicas e os encontros inter-religiosos procuram despertar consciências”. Janeiro de 2003 Em Setembro de 2003 realizou-se o 47.º Congresso Internacional de Advogados que terminou com uma cerimónia de Orações pela Paz. Presentes Hindus, Budistas, Muçulmanos, Católicos, Ortodoxos e Bahá’ís. Do tecto caíram pombas brancas de papel. Foi tocante! Maio 2006 O Governo português patrocinou o livro “Religiões – História – Textos – Tradições” onde estão incluídos: Hinduísmo, Judaísmo, Budismo, Cristianismo, Islamismo e Fé Bahá’í. Setembro 2007 A Comunidade Islâmica de Lisboa convida o Dalai Lama para uma visita à Mesquita Central para uma cerimónia Inter-Religiosa que contou com a presença do cristianismo, hinduísmo, judaísmo, Igreja Ortodoxa Grega e Fé Bahá’í. Outubro 2007 Integrado no Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades Para Todos teve lugar na Fundação Mário Soares um colóquio com os representantes das principais Confissões Religiosas. Num mundo em convulsão e mudança, viver e participar activamente no Diálogo Inter-Religioso em Portugal constitui uma bênção e um privilégio. Mário Mota Marques, Comunidade Bahá’í de Portugal

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