Artem, da Ucrânia, e Norina, do Afeganistão, são dois dos estudantes abrangidos por programa de atribuição de bolsas
Lisboa, 20 jun 2023 (Ecclesia) – A Universidade Católica Portuguesa (UCP) tem um programa de atribuição de bolsas para estudantes refugiados, com isenção de propinas, que ajuda quem fugiu do seu país a construir novos sonhos.
Formado em economia, Artem, refugiado ucraniano, viu na mudança de vida uma oportunidade cumprir o seu sonho de infância e, agora, estuda microbiologia, esperando contribuir para curar uma natureza ferida pela exploração humana e deixar um mundo melhor para os seus filhos.
“O meu sonho é tornar-me um cientista e, claro, fazer alguma descoberta no futuro para ajudar a recuperar o planeta, do ponto de vista ecológico, especialmente na minha área. Esse é o meu grande objetivo, ajudar o planeta a curar-se dos danos que as pessoas provocaram”, refere à Agência ECCLESIA.
O estudante chegou a Portugal há pouco mais de um ano, depois do começo da guerra.
“Quero agradecer ao povo português por me acolher a mim e à minha família, por me dar as boas-vindas a mim e à minha família e, claro, à Universidade Católica, por me permitir estudar e mudar a minha vida”, refere Artem.
Norina saiu do Afeganistão após a tomada de Cabul pelos Talibãs e está em Portugal há 15 meses; começou por trabalhar na área agrícola, em Mértola, mas com a ajuda da Católica vai retomar no próximo ano letivo os estudos na área da Comunicação Social, com o sonho de desenvolver investigação na área dos Direitos Humanos e, em particular, nos direitos das mulheres.
“Quando ouvi que a Universidade Católica dava esta oportunidade aos refugiados, fiquei muito surpreendida e muito feliz. E, claro, rezava todos os dias para ter a oportunidade de estudar na Católica, porque esse é o meu sonho: estudar jornalismo, ter oportunidade de ser uma boa pessoa no futuro. A minha vida está ligada aos direitos humanos e a estas matérias, queria continuar este percurso”, explica.
Eu fui forçada a parar. Ter começado a estudar foi a coisa mais importante para mim, porque o meu sonho sempre foi trabalhar com os direitos humanos e considero que a comunicação e o jornalismo são a melhor forma de o fazer. Tenho muito esperança, tenho muita esperança no futuro. E tenho a certeza de que a Universidade Católica é o melhor lugar para prosseguir o meu sonho e conseguir o que quero conseguir”.
Em Portugal, Norina encontrou desafios semelhantes aos que se enfrentam no Afeganistão, apesar da diferença de contextos, na promoção da dignidade das mulheres e da igualdade.
“Penso que as capacidades que desenvolvi, a experiência por que passei no Afeganistão e que trouxe comigo, para Portugal, me podem ajudar a fazer algo, talvez nada muito grande, mas ser parte de uma mudança positiva no que diz respeito aos direitos humanos, os direitos das mulheres, fazer algo especial pelas mulheres”, desenvolve.
A entrevista, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra hoje, foi emitida este domingo no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, que contou ainda com a participação da coordenadora da iniciativa de Acolhimento a Estudantes Refugiados na UCP, Inês Espada Vieira.
Este programa surge no âmbito do esforço nacional de acolhimento e integração dos refugiados e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pelas Nações Unidas.
OC
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