Portugal/Turismo: Secretariado dos Bens Culturais da Igreja dinamizou formação sobre «Iconografia Mariana e de Santiago» (c/fotos)

Agentes turísticos visitaram igrejas, nesta ação de capacitação, em Coimbra

Coimbra, 22 fev 2022 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI), com o Turismo de Portugal, promoveu uma ação de formação sobre ‘Iconografia Mariana e de Santiago’, para agentes turísticos, com uma componente teórica e de visita prática, em Coimbra.

“Temos vindo a desenvolver várias ações que são destinadas a profissionais que lidam dominantemente com o património religioso”, disse Sandra Costa Saldanha à Agência ECCLESIA, esta segunda-feira, no Museu Nacional de Machado de Castro.

A diretora do SNBCI, da Conferência Episcopal Portuguesa, explicou que se pretende promover uma ação especializada “no campo da iconografia, da leitura, compreensão, interpretação das imagens”, como instrumentos que são “muito importantes” para aquilo que estes profissionais fazem quotidianamente, “que é o de comunicar o património da Igreja”, “conciliando os interesses do Turismo de Portugal”, que tem uma atividade e ação dirigida aos ‘Caminhos de Santiago, ao Caminhos Marianos e outros’.

O projeto ‘Caminhos da Fé’ – ‘Paths Fidei’ é uma iniciativa do Turismo de Portugal, desenvolvida com parceiros públicos e privados, que “perspetiva a afirmação internacional de Portugal como um destino de fruição espiritual e cultural”.

“Há uma dimensão associada ao turismo cultural, com uma valência espiritual, que é muito relevante e que envolve muito do nosso património cultural e religioso e, nesse sentido, deve ser valorizado porque é uma forma, para aqueles que nos visitam, conhecerem o país de forma diferente e mais intensa”, assinalou Teresa Ferreira, do Turismo Portugal.

Sobre a temática desta formação, ‘Iconografia Mariana e de Santiago’, esta responsável explicou que quer o culto mariano, “que tem uma âncora no Santuário de Fátima”, quer o culto a Santiago, através dos caminhos, são “duas dimensões relevantíssimas” para a oferta de uma experiência cultural e espiritual.

Segundo Teresa Ferreira, é muito importante conseguirem que os agentes turísticos construam “os seus programas, as suas experiências de uma forma consistente, consolidada, com conhecimento efetivo”, porque só assim é que vão conseguir “proporcionar uma experiência diferenciadora e marcante”, e a parceria com o SNBCI que leva “especialistas e orienta os agentes turísticos a aprofundarem os seus conhecimentos é muito relevante”.

“Juntar a cultura, a Igreja que é fundamental em tudo isto, e a dimensão turística, que no fundo é a dimensão de conhecer o nosso país, a nossa cultura, as nossas raízes, quer para portugueses, quer para estrangeiros, interessa a todos que essa experiência seja o melhor possível”, acrescentou.

Para Alice Luxo, que conta Histórias do Património, “era impensável não vir a esta formação” porque Coimbra está no centro do circuito dos caminhos de Santiago e dos caminhos marianos.

“Para contar histórias sobre Coimbra nada melhor do que ir sabendo cada vez mais, com quem é especialista, na parte académica, que é um conhecimento que, às vezes, vamos perdendo no trabalho de campo. Esta parte de teoria vai-nos dando chão para conseguirmos contar histórias com alguma piada, cruzar informação, e mostrarmos que Coimbra para além da universidade tem muitas histórias para contar”, desenvolveu.

Esta iniciativa de dois dias começou com uma parte teórica, esta segunda-feira, no Museu Nacional de Machado de Castro, e continuou hoje com visitas práticas a várias Igrejas em Coimbra.

A historiadora Joana Antunes explicou que o tema ‘Caminhos da Iconografia’ se trata, essencialmente, de uma questão de “literacia visual, e de conseguir descodificar a cultura”, sendo que a cultura portuguesa “é muitíssimo participada pelas artes visuais, pela pintura, pela escultura”.

“Qualquer pessoa que interaja com o património, com a cultura, e com as artes visuais precisa de saber ler as imagens e descodificar as imagens para conseguir perceber como é que elas funcionam, que mensagens é que querem transmitir e para entender no tempo em que foram criadas; Tentamos através da iconografia perceber o que é que num dado momento histórico aquelas imagens quiseram comunicar, como é que foram programadas e planeadas em termos de eficácia, e comunicação”, desenvolveu.

Joana Antunes coordenou as visitas à Sé Velha de Coimbra, que “é uma das mais antigas catedrais do país dedicadas a Santa Maria”, e à igreja de Santiago, “um marco da importância deste culto na Idade Média em Portugal e muito particularmente em Coimbra”, e à igreja de Santa Cruz, que tem obras do ponto de vista iconográfico “interessante e revelam mais uma vez o culto a Santiago e a Virgem”.

“Em qualquer cidade, espaço, encontraríamos matéria-prima para trabalhar sobretudo a iconografia de Santiago e a iconografia mariana que são dois cultos maiores a nível internacional mas muito particularmente em Portugal”, realçou a historiadora à Agência ECCLESIA.

A guia-intérprete Cristina Carvalho salienta as formações são “sempre úteis” e destaca a importância do trabalho dos investigadores porque “o que hoje está escrito nos livros, amanhã pode não ser exatamente assim”.

“A pessoa olha para o monumento com outro olhar e consegue transmitir as coisas de outra perspetiva que é sempre muito importante; [Iconografia] no meu caso trabalho muito com turismo religioso, o mercado italiano, o polaco, às vezes americano, e é sempre muito importante porque permite pôr em prática aquilo que estamos a aprender ou relembrar nestas formações”, desenvolveu à Agência ECCLESIA.

A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, Sandra Costa Saldanha, salientou que esta ação de formação que começou em Coimbra, e vai ter uma edição no Porto, nos dias 21 e 22 de março, na Biblioteca do Seminário Maior da diocese, “terá uma continuidade com outros temas ainda neste ano de 2022”.

Nesta sessão foi também apresentado o primeiro número de uma nova série da Revista ‘Invenire’, do SNBCI, que surge com um novo formato e modelo.

CB/OC

Na sessão de abertura da formação, o vigário-geral da Diocese de Coimbra lembrou a “oportunidade” que é para este setor a Jornada Mundial da Juventude 2023, em Lisboa, com a “presença de tantos jovens” em Portugal e a indicação que já têm de o Papa Francisco querer visitar Fátima.

“É uma ocasião e uma oportunidade de serviço e de mensagem e de colocar o conhecimento da cultura e da arte portuguesa a tanta gente. Na semana anterior à jornada, na última semana de julho haverá centenas de jovens espalhados por todas as dioceses do país, Coimbra estaremos à espera de alguns milhares, e, por isso, os museus, todos estes santuários, todos estes lugares de cultura e de arte, serão ocasião de visita e de presença”, explicou o padre Manuel António Ferrão.

A diretora do Museu Nacional Machado de Castro salientou que este espaço “como herdeiro direto do Paço Episcopal de Coimbra” se justifica a sua “ocupação” para ações de formação.

“O Paço Episcopal é estrutura também privilegiada para dinamizar o culto, para renovar devoções, e para fabricar as iconografias”, acrescentou Maria de Lurdes Craveiro.

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