Portugal: Trabalhadores cristãos lamentam impasse à volta do salário mínimo

Coordenador nacional da Liga Operária Católica recorda que a questão mexe com «muitas vidas e famílias»

Lisboa, 18 set 2014 (Ecclesia) – O coordenador nacional da Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC-MTC) considera que o debate à volta do aumento do salário mínimo está a arrastar-se “há demasiado tempo” e a atualização “já deveria ter sido feita”.

Em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA, José Augusto Paixão salienta que enquanto a questão permanece num impasse, são “muitas as vidas e famílias que estão em causa”.

“Depois de feitos os respetivos descontos, o salário mínimo atual não ultrapassa os 400 euros. Como é que uma família, com vários filhos, mesmo que os dois pais trabalhem, pode sobreviver com esses valores, tendo em conta as despesas de alimentação, saúde, educação, entre outras?”, questiona aquele responsável.

Quanto mais a decisão se arrastar, salienta José Augusto Paixão, mais pessoas irão permanecer em Portugal “no limiar da pobreza”.

Esta quarta-feira delegados do Governo e dos parceiros sociais reuniram-se para debater o aumento do salário mínimo nacional, no âmbito de um grupo de trabalho criado na Concertação Social e dedicado a esta temática.

Do lado das duas centrais sindicais, foi unânime a posição da CGTP e da UGT de que esta é uma questão “prioritária” e que “estão reunidas todas as condições para a atualização do salário mínimo”.

Atualmente o valor desta remuneração está cifrado nos 485 euros, sendo que em cima da mesa estão vários valores a adotar e diversos prazos para a sua implementação.

Enquanto a CGTP apoia uma “proposta de evolução progressiva” até aos 600 euros em 2016, refere a Rádio Renascença, a UGT reclama “um salário mínimo de 500 euros retroactivo a 1 de Julho” e de 510 euros “para Janeiro de 2015”.

A Confederação da Indústria está disposta também a “um aumento para 500 euros ainda este ano”, enquanto a Confederação do Comércio “só aceita mexer nos salários em 2015”.

Quanto ao Governo, "já se mostrou disponível para apoiar um aumento, mas mais modesto".

José Augusto Paixão recorda que o que está aqui em causa não é “apenas a subida do salário mínimo” mas também a minimização das “diferenças entre ricos e pobres” e uma “distribuição mais justa dos recursos”.

“Pelos valores que vamos ouvindo todos os dias através da comunicação social, os números que estão a ser considerados para o salário mínimo até deveriam ir um pouco mais além”, sustenta o coordenador nacional da LOC-MTC.

RR/JCP

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