Portugal precisa de mais investimento na saúde mental

Igreja prepara celebração do Dia Mundial do Doente centrada nas pessoas com doenças mentais A Igreja Católica celebra neste sábado, 11 de Fevereiro, o XVI Dia Mundial do Doente, este ano dedicado à emergência social e no campo da saúde que constitui o drama de milhões de pessoas com doenças mentais. Em Portugal, este é um campo de acção privilegiada dos Irmãos de São João de Deus e das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus (IHSCJ), que asseguram uma larga fatia da assistência a estes doentes, que no caso das Regiões Autónomas chega aos 100%. A Superiora provincial das IHSCJ, Ir. Anália Antunes, confessou à Agência ECCLESIA a sua satisfação por Bento XVI ter centrado a atenção da Igreja sobre esta área da sua acção, na pastoral da saúde. “Ainda que, muitas vezes a sociedade o queira ocultar, os doentes mentais continuam a ser os grandes excluídos e o Papa teve essa sensibilidade”, afirma. Esta responsável refere que os próprios familiares preferem esconder a doença mental e “não conseguem lidar bem com a situação”, apesar de assegurar que “já se fez um grande caminho” neste âmbito. Em Portugal, a Congregação está a trabalhar desde 1894 com a fundação da Casa de Saúde da Idanha. Realiza a missão hospitaleira em 12 estabelecimentos de saúde, dos quais 8 se situam no Continente e 4 nas Regiões Autónomas, disponibilizando um total de 2.085 camas. Para a Ir. Anália, nota-se no nosso país “uma carência muito grande” a nível das políticas de saúde “que vão ao encontro do bem dos doentes mentais”. Esta responsável lamenta que o reconhecimento dos sucessivos governos pela acção dos religiosos nesta área não se traduza em acções concretas, incluindo a vertente do financiamento. “A saúde mental é muito segregada, falta sensibilidade para encontrar respostas e novas estruturas”, assinala. Quem trabalha no terreno espera, “há anos”, pelo Pano Nacional da Saúde Mental, o que deixa “muitas questões pendentes”. As IHSCJ desenvolvem a sua intervenção assistencial nas áreas de psiquiatria, psicopedagogia, psicogeriatria, gerontopsiquiatria, toxicodependência e reabilitação psicossocial. 192 religiosas e 1.574 colaboradores, vivendo e realizando hospitalidade, dão corpo ao projecto hospitaleiro entre nós, assistindo 5.706 doentes a nível de internamento, em estruturas comunitárias (14 residências de vida protegida, apoiada e autónoma e 4 centros de reabilitação e reintegração sócio-profissional) e em ambulatório, acompanhando 8.782 pessoas. A Ir. Anália afirma peremptoriamente que “não seria possível pensar a saúde mental em Portugal” sem a acção das Ordens e Congregações religiosas, “que se dedicam de alma e coração a estas causas”. As Irmãs Hospitaleiras A Congregação de Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus foi fundada em Ciempozuelos (Madrid-Espanha), no ano 1881, por S. Bento Menni, sacerdote da Ordem de S. João de Deus, juntamente com María Josefa Recio e María Angustias Giménez, escolhidos por Deus para se dedicarem às pessoas que sofrem de perturbações mentais, aliando dois critérios fundamentais na sua intervenção: caridade e ciência. O nome Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus é expressão do carisma da Congregação, pois a sua razão de ser na Igreja é o exercício da caridade hospitaleira, vivida em estado de consagração religiosa, segundo o modelo de caridade perfeita, Cristo, simbolizada no seu Coração. A Congregação actualmente está presente em 24 países de quatro continentes: Europa, América, África e Ásia. Efectivamente, 1.220 religiosas e 7.891 colaboradores tornam possível a implantação e desenvolvimento da missão apostólica da Congregação em todos estes países, proporcionando aos doentes uma oferta de saúde integral que engloba os aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais.

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