Portugal: Pastoral Penitenciária leva caminho sinodal até reclusos

Encontro nacional decorre em Fátima

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Fátima, 02 abr 2022 (Ecclesia) – A Pastoral Penitenciária de Portugal (PPP), da Igreja Católica, promove até hoje o seu encontro nacional, em Fátima, onde lançou o caminho sinodal, que se vai alargar às comunidades.

“Há uma grande desafio, já, e que nos foi pedido pelo Santo Padre, que é fazermos sínodo, particularmente com a franjas, com as periferias existências e sociais. Os reclusos, os guardas prisionais, os educadores, toda a estrutura que vive no contexto prisional padece desta experiência”, disse o coordenador nacional da PPP à Agência ECCLESIA.

O padre José Luís Gonçalves da Costa explica que o sínodo se torna “ainda mais urgente nestas realidades”, e destaca que “o Espírito Santo também fala atrás das grades”.

“É importante descobrir que caminhamos juntos, que o afastamento geográfico ou social não quer dizer um afastamento da vocação à condição batismal, ao chamamento para a santidade. Se o convite é feito a toda a Igreja muito mais a esta periferia que nas palavras do Santo Padre é também das expressões mais eloquentes da vontade de Deus”, desenvolveu.

O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária salientou que a experiência da vivência em comunidade, num estabelecimento prisional, “é sempre parca e limitada pela própria condicionante”; “a própria prisão por si é uma exclusão, e uma exclusão também de proximidade e de comunhão”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

No início do 17.º encontro nacional da PPP, intitulado ‘Eu sou o caminho: Comunhão, Participação e Missão’, o padre José Luís Costa apresentou esta sexta-feira uma linha do tempo para o trabalho sinodal nesta pastoral: A divulgação até 17 de abril, nos dias 23 e 30 deste mês dois encontros, e a realização da síntese e envio para a coordenação nacional, até 14 de maio.

D. Joaquim Mendes, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, realçou que um dos objetivos do encontro nacional da PPP é “mobilizar” para ver como “dentro das reais possibilidades” podem “ajudar os reclusos a uma experiência sinodal”.

“Como também podemos escutar a voz deles”, afirmou à Agência ECCLESIA, lembrando também que o Papa Francisco, num discurso aos fiéis da Diocese de Roma, “fala desta realidade, das pessoas que estão descartadas, das minorias”, e que o sínodo é também para eles.

O Sínodo 2021-2023 começou em outubro do último ano, subordinado ao tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão’, lançando um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

O departamento da Conferência Episcopal Portuguesa convidou o padre Sérgio Leal, especialista em sinodalidade, para este lançamento do percurso sínodal no 17.º Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária, que começou hoje, e continua este sábado, no Hotel Santo Amaro, em Fátima.

“Nesta Igreja que significa caminhar com todos ninguém pode ficar de fora e, desde a pregação evangélica de Jesus, se alguns privilegiamos são aqueles que estão à margem, que, como diz o Papa Francisco estão nas periferias existências, que para a Igreja não podem ser periferias mas têm de ser lugares centrais”, disse o sacerdote da Diocese do Porto.

À Agência ECCLESIA, o padre Sérgio Leal explicou que o mundo das prisões “é um lugar fundamental para o exercício da sinodalidade”, e que reclama a sinodalidade para que possa chegar a todos, e onde este caminho sinodal “também se torna urgente, e necessário”.

O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária disse que outro desafio que têm é inverter o “processo de afastamento” originado pelas limitações e restrições da pandemia de Covid-19, “voltando à presença nos estabelecimentos prisionais e acima de tudo procurar ir buscar aqueles que se foram perdendo”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

“Este afastamento foi de facto uma experiência de erosão muito grande em termos de humanidade, de autoestima, de consciência de pertença, e, obviamente, muitos dos nossos reclusos e funcionários se foram perdendo no sentido de proximidade e de relação”, acrescentou, realçando que “é importante continuar o processo de humanização” nesta área pastoral.

D. Joaquim Mendes assinala que, neste setor, a Igreja tem “o desafio do acompanhamento” das pessoas envolvidas na Pastoral Penitenciária, sublinhando que a realidade prisional é “uma realidade invisível, quer as cadeias geograficamente, quer as pessoas que lá estão dentro”.

“Os presos são invisíveis, são entregues àqueles que os acompanham e confinados ao espaço do estabelecimento prisional. Nós, a Igreja, através dos assistentes espirituais e religiosos, dos voluntários, somos este rosto da comunidade cristã que diz que não estão esquecidos, não estão abandonados e procuramos levar o Evangelho, a nossa proximidade, escutá-los”; desenvolveu o bispo Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

O bispo auxiliar de Lisboa, diocese que vai acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2023, recordou que não querem “deixar ninguém de fora” deste encontro da Igreja Católica, e desde o início tiveram contacto com os estabelecimentos prisionais, para cada um “participar” de acordo com as possibilidades, “que possam ajudar construir todo este processo das jornadas assim como o processo sinodal”.

CB/OC

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