Portugal: Jornadas sobre «trabalho e família»

Atual crise tem impacto sobre todos, diz Manuel Braga da Cruz

Lisboa, 16 out 2013 (Ecclesia) – Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa, recordou que para a Igreja o trabalho é fundamental ao desenvolvimento da personalidade e que uma das suas dimensões mais importantes é “a remuneração salarial”.

O professor universitário é o orador principal das XXV Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar que se vão realizar no Seminário do Verbo Divino, em Fátima, entre sexta-feira e domingo.

“A Igreja sempre defendeu que o salário não deve ser apenas uma remuneração individual mas deve ter em consideração a necessidade de prover as necessidades familiares”, sustenta, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Ou seja, quem trabalha está integrado num agregado e o salário que recebe ”nunca é uma remuneração apenas pelo seu trabalho” mas uma remuneração social que “deve ter presente a dimensão familiar do trabalhador e deve ter presente as necessidades que estão para além da mera subsistência de quem trabalha”, desenvolve Manuel Braga da Cruz.

O professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) participa, nas XXV Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, com duas conferências – ‘O trabalho e a família no magistério da Igreja’  e ‘O trabalho e a família na atualidade’ – este sábado de manhã, em Fátima.

Braga da Cruz entende que a crise na família não se restringe ao atual contexto de crise financeira, mas tem de ser observada num “sentido bastante mais lato”.

“A grande transformação da família operou-se com o advento das sociedades industriais em que as famílias deixaram de ser unidades de produção para passarem a ser tão só unidades de consumo. A revolução industrial separou o local de trabalho do local de habitação que mudou e muito as famílias desde as sociedades do antigo regime para as sociedades industriais e para os industriais”, explica.

Uma crise económica e financeira “com repercussões sociais tão fortes”, como a atual, afeta “profundamente” as famílias que têm uma vida económica/orçamento próprio e uma das consequências mais visíveis é o desemprego.

“Esta crise tem repercussões muito fortes sobre todas as famílias porque afeta do ponto de vista fiscal mas também do ponto de vista das reduções salariais. Claro que há umas famílias mais afetadas do que outras mas ousaria dizer que a totalidade das famílias é atingida pela crise”, analisa o professor da UCP.

Para além dos subsídios de desemprego e outros apoios sociais, a estrutura familiar evita que o “fenómeno” do desemprego elevado tenha uma “gravidade” maior: “Há uma solidariedade no interior das famílias (tem sido assim no estrangeiro, tem sido assim em Portugal) que esbate e muito os efeitos da crise económico-social e particularmente o desemprego”.

Quanto às situações de precariedade que normalmente as crises geram nos trabalhos/empregos e que afetam as famílias, Manuel Braga da Cruz considera que é preciso pensar que “mais importante do que a perenidade dos vínculos laborais é a existência de uma relação laboral” porque “é preferível ter trabalho apesar da instabilidade” a não ter nenhum.

“Muito embora, a ausência de um vínculo mais estável impede as famílias, muitas vezes, de fazerem programações económicas e sociais que são muito importante para o seu desenvolvimento”, conclui o professor

A entrevista completa do professor Braga da Cruz pode ser lida na próxima edição do semanário digital ECCLESIA, esta quinta-feira.

CP/CB/OC

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