Portugal: Igreja Católica disponível para acolher refugiados

Bispo de Leiria-Fátima apela uma atitude mais solidária da Europa

Fátima, Santarém, 13 ago 2015 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima e a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) dizem que a Igreja em Portugal está disponível para acolher refugiados nas suas infraestruturas.

“No tempo dos regressados de África, que foram 600 mil, abriram-se casas, seminários que acolheram os retornados durante muito tempo até poderem sistematizar a sua vida. Penso que a Igreja estará aberta para isso e fará todo o esforço”, disse D. António Marto,  numa conferência de imprensa integrada na peregrinação internacional do 13 de agosto.

A diretora da OCPM, Eugénia Quaresma, revelou que existem casas de ordens religiosas que “precisam de novos rumos” e se tiverem esta capacidade de acolhimento podem ser uma mais-valia.

Por isso, a responsável destacou a importância de “sensibilizar as comunidades cristãs” que pode não estar “unida” na questão do acolhimento de refugiados porque estas casas poderão precisar de voluntários.

“É preciso criar unidade de pensamento na hospitalidade”, comentou Eugénia Quaresma, que deu conta de email enviados à OCPM de pessoas “preocupadas” com a reinstalação de 1500 refugiados "porque vêm viver à conta do Estado".

A peregrinação dos dias 12 e 13 de agosto ao Santuário de Fátima tem este ano como tema “Formamos um só corpo” e coincide anualmente com a peregrinação do Migrante e Refugiado, integrada na 43.ª Semana Nacional das Migrações até este domingo.

D. António Marto destacou a experiência “viva e bela” de uma Igreja Católica sem fronteiras, da “cultura do encontro entre povos, etnias e culturas”.

Na conferência de imprensa de apresentação da peregrinação anual do migrante e refugiado ao Santuário mariano da Cova da Iria, o bispo da Diocese de Leiria-Fátima alertou também que a Europa “não pode ficar a olhar para o lado” e ignorar a tragédia humanitária que se não tem uma resposta “destrói os fundamentos” que estão na base do “humanismo europeu e da própria União Europeia”.

Neste contexto, o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse ainda que a Europa deve “aprender” com o exemplo de países “muito mais pobres” que estão a acolher os imigrantes e refugiados como a Jordânia e o Curdistão Iraquiano.

“Na sua pobreza acolheu dois milhões e meio de refugiados têm muitos menos recursos económicos e financeiros que a Europa mas tem um coração maior, mais acolhedor e mais aberto capaz de repartir com quem é pobre”, contextualizou.

Eugénia Quaresma destacou que os refugiados e migrantes são “porta-vozes e denunciam” a desigualdade social, os conflitos, as perseguições, a pobreza”.

“A Igreja nas diferentes parte do mundo, nas suas diferentes estruturas e carismas está a socorrer, alimentar, vestir, a dar a primeira assistência”, observou pedindo que os “migrantes e refugiados” como pessoas “protagonista de fé”.

O Bispo das Forças Armadas e Segurança, que preside à Peregrinação Internacional de agosto, agradeceu aos missionários que juntos dos emigrantes mantêm “acesa a vela batismal” e as “ligações às origens”.

“A Igreja, antes do Estado e de outros organismos, ajuda os migrantes e partilha a grande paróquia de cristãos no mundo”, afirmou D. Manuel Linda, que agradeceu ainda aos meios de comunicação social o trabalho de sensibilização das comunidades portuguesas no mundo e transmitir aos jovens a “ideia da missionação”.

Uma das imagens peregrinas de Nossa Senhora de Fátima vai estar na Síria, em Damasco, de 7 a 9 de setembro, a pedido do patriarca da Igreja Greco-Católica Melquita, Gregório III.

CB

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