Portugal: Fundação Fé e Cooperação empenhada no desenvolvimento rural

«Uma realidade que atualmente foge das estatísticas e das políticas públicas implementadas», alerta Margarida Alvim

Lisboa, 23 jan 2015 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), ligada à Igreja Católica, reuniu hoje em Lisboa representantes do poder político, do setor agrícola e das escolas envolvidos no projeto “aTerra”, dedicado ao desenvolvimento rural sustentável.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Margarida Alvim, da FEC, salienta a importância de “alertar para uma realidade que atualmente foge das estatísticas e das políticas públicas implementadas".

Segundo aquela responsável, são várias as regiões do país, sobretudo no norte e no centro, que estão hoje completamente subaproveitadas no seu potencial económico e social, devido a uma mentalidade que privilegia a produção em “grande” escala.

Margarida Alvim frisa que é tempo de “mudar o discurso” e recorda o “papel fundamental que a pequena agricultura tem em Portugal”, não só na “produção de alimentos” e na “criação de emprego” mas também na própria “ordenação e gestão do território”.

Apesar disso, “são os produtores locais que mais sofrem” e vivem muitas vezes em condições profundamente precárias, em nada condizentes com o contributo social que prestam.

Nesse contexto, a FEC lançou há cerca de um ano o projeto “aTerra”, atualmente “ancorado” no Concelho de Ourém, no Distrito de Santarém.

O encontro desta sexta-feira, acolhido pela Fundação Calouste Gulbenkian, serviu para fazer um balanço inicial da iniciativa, que envolve o poder político local, os pequenos e médios produtores, o comércio regional, as escolas e comunidades.

Durante o evento, foram apresentados vários exemplos de programas, envolvendo estes agentes, que provam ser possível favorecer a “promoção da economia local” e combater o desperdício alimentar, outro ponto fundamental do “aTerra”.

Ao mesmo tempo, foi realçada a importância do trabalho em rede, no sentido de ganhar força para “influenciar as políticas locais e nacionais", tornando-as mais justas e adequadas à realidade.

Elisete Jardim, diretora regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, reconheceu à Agência ECCLESIA a existência de territórios com mais “carências” e onde “é fundamental a existência de instituições como a FEC, que levem aos produtores as soluções para darem a volta às suas questões”.

Quanto àquilo que o Ministério da Agricultura tem vindo a fazer, a responsável política dá como exemplo “o programa Bolsa Nacional de Terras”, que procura combater o abandono das terras nos meios rurais.

Através dele, “as pessoas que são detentoras da terra e que não têm possibilidade nem disponibilidade para a cultivar, podem disponibilizar essas terras na bolsa”.

“Não só não perdem o direito à terra como ganham um rendimento e colocam a terra ao serviço da produção nacional, ou seja, é uma maneira de nestas pontas, os terrenos começarem a ganhar dimensão”, conclui.

O projeto “aTerra”, considerado pelo Instituto do Empreendedorismo Social como um dos mais inovadores, vai prosseguir até ao início de 2016.

Tem uma dotação financeira de cerca de 125 mil euros, assegurada em 90 por cento pela Fundação Calouste Gulbenkian.

JCP

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