Portugal: Estado valoriza catedrais «pela intervenção na pedra» e na forma de «comunicar o património»

Programa «Ecclesia», na rádio Antena 1, é dedicado esta semana ao património religioso do norte

Porto, 04 jun 2018 (Ecclesia) – A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) está a desenvolver um trabalho de salvaguarda e valorização do património no qual se inclui o projeto ‘Rota das Catedrais’, que pretende a descentralização do investimento num trabalho que engloba dioceses, autarquias, e agentes locais.

“A valorização não é só feita pela intervenção na pedra, pela intervenção na conservação do património, é muito pela forma como conseguimos comunicar o património aos nossos visitantes”, afirma o diretor da DRCN.

Em declarações à Agência ECCLESIA, António Ponte explica que, associado aos processos de valorização física, está “sempre o processo” de valorização “na mediação do património cultural”, como a criação de mensagens, de visitas capazes de “operar um processo de patrimonialização”, para além do processo institucional.

Para o diretor regional da Cultura do Norte, o património vai ser tão mais salvaguardado e valorizado “quanto mais conhecido for e quanto mais as pessoas o sentirem”, ou seja, criarem laços de identidade e afetividade.

Desta forma, os visitantes vão “preservar, sentir, vigiar e proteger” de outros a quem a DRNC não consegue chegar com tanta facilidade.

Na entrevista que vai ser transmitida hoje, a partir das 22h45 na Antena 1 da rádio pública, António Ponte refere que precisam de levar a dimensão do humano para o património e “analisar a paisagem cultural humanizada”.

“Hoje não é só o verde, é também a presença da catedral. O que é que a catedral fez a Miranda, como se desenvolve a partir da catedral, que pessoas cá estiveram. Até as rivalidades regionais hoje em dia se conseguem explicar a partir da ocupação do território, tudo é muito importante para nós”, desenvolve o diretor da DRNC.

Neste contexto, o entrevistado sublinha que as peças têm valor por si mas também pelo seu “contexto, vale a vivência que têm e o que podem permitir para o futuro”, por isso, a criação de sinergias alargadas é importante, como tornar as pessoas “em agentes de transformação”.

“O turismo cultural importa numa perspetiva de valorização, não é só chegar fotografar e sair mas é sair com conhecimento, e com ligação afetiva; É muito importante perceber que quando saímos das zonas de alta densidade os números do turismo mantêm os mesmos índices e em alguns casos até maiores”, explicou.

Durante dois dias, a Agência ECCLESIA participou numa visita guiada da Direção Regional da Cultura do Norte a visitar monumentos que integram a Rota das Catedrais.

António Ponte assinalou que o projeto tem uma verba superior aos dois milhões e meio de euros e foi assumido pelo Ministério da Cultura, “em parceria com o Secretariado Nacional dos Bens Culturais”, da Igreja Católica em Portugal.

Para o responsável, o organismo tem que criar condições para “salvaguardar, valorizar, e criar condições” para que seja transmitido às gerações futuras, se possível em melhores condições do que foi herdado.

Até sexta-feira, o programa ‘Ecclesia’, na Antena 1 da rádio pública, às 22h45, vai falar sobre o projeto ‘Rota das Catedrais’, nas dioceses do norte de Portugal.

OC/CB

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