Padre Carlos Godinho observa que turismo religioso também «sofre» com ausência da mobilidade das pessoas
Mealhada, 29 jul 2020 (Ecclesia) – O diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) disse à Agência ECCLESIA que a situação pandémica “é um problema para o turismo na globalidade”, mas “há uma oportunidade de reflexão e de investimento” em “todas as crises e problemas”.
“Não havendo deslocação, não havendo mobilidade, porque o turismo assenta na mobilidade, naturalmente que todo o turismo sofre, não apenas as zonas balneares, não apenas o espaço natureza, mas também o turismo religioso”, referiu o padre Carlos Godinho, em entrevista emitida hoje na RTP2.
O diretor da ONPT, da Igreja Católica em Portugal, assinala que a situação pandémica “é um problema para o turismo na globalidade”, e nenhuma vertente do turismo, “nenhum produto turístico, usando a expressão própria, fica isento a esta realidade”.
O padre Carlos Godinho explica que o turismo religioso deve ser definido nesta perspetiva, “com todos os seus ativos” e a primeira dimensão é o acolhimento das pessoas, “proporcionar condições de celebração, de vivência, e vivência espiritual e religiosa”.
“Depois temos o imenso património, sabendo que 75% na zona norte, está à guarda da Igreja e é património que pertence à comunidade e temos de o disponibilizar, cada vez mais, também fazendo que potencie o turismo. Muita gente vem à procura dos espaços naturais, do sol e da praia, mas também da nossa cultura e do nosso património”, desenvolveu, em entrevista no programa ECCLESIA.
Segundo o responsável pelo organismo da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, “o turismo é atividade de pessoas para pessoas” e a Igreja Católica “tem de olhar para esta realidade e perceber que o acolhimento e a evangelização se vive também na relação com os turistas”.
A Obra Nacional da Pastoral do Turismo publicou este verão a nota ‘Turismo em tempo de pandemia!’, para a época balnear 2020.
“O ativo humano é transversal e dependemos deste na promoção do turismo preparando gente para acolher as pessoas, para servir os turistas, e neste momento com a diminuição do fluxo temos perda de gente”, referiu o padre Carlos Godinho.
Alertando para as pessoas que “têm vínculos mais precários” e “rapidamente são os primeiros a entrar nesta lista do desemprego” no turismo, sugere “aproveitar” este tempo de menor atividade turística para “dar formação” e a criação de uma “bolsa de emprego”.
O diretor da ONPT lembra que o património na sua simbologia leva “também à comunhão com Deus e torna-se ele mesmo meio de evangelização”, e destacou o património natural, na entrevista realizada na Mata Nacional do Buçaco, plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no primeiro quarto do século XVII.
“O património natural tem essa particularidade que a partir da contemplação da criação chegar a essa noção do criador e mais do que noção intelectual chegar à experiência da relação íntima de gratidão, de reconhecimento, de comunhão com o próprio criador”, realçou o padre Carlos Godinho.
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