Portugal: Dia em Memória das Vítimas dos Incêndios Florestais deve levar a «reflexão e avaliação», depois do «sobressalto» de 2017 – Duarte Caldeira

Presidente do Conselho Diretivo do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil pede esforço conjunto, para que aquilo que aconteceu há três anos «não se volte a repetir»

Lisboa,14 jun 2020 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Diretivo do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, Duarte Caldeira, considera que o Dia  Nacional em Memória das Vítimas dos Incêndios Florestais, tem de servir para “reflexão e avaliação”.

“Estes dias são de reflexão e de avaliação, é importante evocar a morte trágica, mas também será refletir sobre o que terá mudado no sentido de tornar impossível a repetição, de forma descontrolada, como em 2017, que gera danos irreparáveis”, refere à Agência ECCLESIA.

Falando sobre a celebração anual de 17 de junho, o entrevistado destaca a “importância de fazer balanço”, pois só com a participação da sociedade se torna possível a “vigilância, condições para impedir que o território ou a comunidade desenvolva fatores negativos que possam potenciar estas ocorrências.”

Duarte Caldeira defende que este dia deve ser um “momento de reflexão e introspeção”, para perceber se as circunstâncias que levaram à catástrofe “foram minimizadas”, mas também a valorização do “território, numa perspetiva de coesão, e da floresta, enquanto recurso natural e económico, para se usufruir enquanto lazer, bom ambiente e paisagem”.

Outro aspeto de destaque é o papel da “autoformação que cada cidadão deve ter consciência”.

Vêm aí três meses de risco florestal, temos obrigação de saber quando há elevado risco de incêndio florestal, temos obrigação de saber os dias de elevado risco e ajudar  com os nossos comportamentos, contribuindo para que não se transforme em grandes tragédias; somos parte desta nossa casa comum e temos de preservá-la, temos de honrar os portugueses que perderam a sua vida, e para isso é alterar os nossos comportamentos para que o que aconteceu em 2017 não se volte a repetir”.  

O coordenador do Plano Institucional de Resposta Nacional a Emergências e Catástrofes (PIREC) da Cáritas Portuguesa recorda 2017 como um ano trágico e de “sobressalto da sociedade”, dado que um “incêndio florestal nunca tinha provocado um número tão elevado de mortos”, o que levou a “pensar coletivamente” mas com “um longo caminho a percorrer”.

“Do meu ponto de vista, estamos aquém da necessidade de dotar as comunidades locais de maior formação para saber lidar com situações deste tipo, que põem em risco a segurança de cada um e a segurança da comunidade, mas é justo dizer do ponto de vista de consciencialização evoluímos, na organização das comunidades e freguesias, evoluímos; é preciso um grande grau de exigência, porque ainda há um longo caminho a percorrer”, assume.

Considerando um “país desequilibrado, com regiões do interior marcadas pelo despovoamento e consequente alteração profunda do tratamento dos campos”, Duarte Caldeira refere 2017 como o momento de consciencialização.

Esse foi considerado o ano mais trágico em Portugal em relação a incêndios, marcado por dois grandes fogos: primeiro o incêndio florestal com origem em Pedrógão Grande a 17 de junho, que se alastrou a vários territórios vizinhos, provocando 66 mortos; em outubro, uma série de fogos nos distritos de Coimbra, Viseu, Aveiro e Guarda provocou 49 mortos e perto de 70 feridos.

“Os acontecimentos de 2017 trouxeram aos portugueses a perceção  de que estamos a falar de uma coisa muito séria, de grande risco, que pode matar, destruir vidas, economia, ambiente; não podemos ignorar o seu potencial de destruição e impacto na vida individual e coletiva”, remata Duarte Caldeira.

A entrevista com o Presidente do Conselho Diretivo do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil este em destaque na emissão de hoje do Programa ECCLESIA na Antena 1.

SN

Dia Nacional em memória das Vítimas dos Incêndios Florestais assinalado a 17 de junho – Emissão 14-06-2020

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