Porto pode integrar igrejas nos roteiros turísticos

A Diocese do Porto, com mais de mil igrejas em 477 paróquias, admite a inclusão do seu património de arte sacra nos roteiros de turismo cultural. Em declarações à Agência Lusa, o Pe. Manuel Amorim, responsável pelo Património Cultural da Diocese do Porto sustenta que “a melhor apólice de seguro para o património é o reconhecimento do seu valor por parte da generalidade da população”. A diocese do Porto está a fazer o inventário patrimonial das mais de mil igrejas existentes nos seus 26 concelhos, correspondentes às suas 477 paróquias. A primeira fase do projecto tem um prazo de execução previsto de 18 meses e abrange, além do Porto, mais cinco concelhos, três a Norte da diocese (Maia, Felgueiras e Baião) e dois a Sul (Castelo de Paiva e Oliveira de Azeméis). “Começámos a partir do interior, porque está mais desertificado, portanto em maior risco de abandono, progredindo progressivamente no sentido da costa” – disse o padre Manuel Amorim. O presbítero está convencido de que há que apostar em estruturas de exibição pública dos tesouros de arte sacra, que em muitos casos excedem a capacidade de exposição das igrejas, particularmente as pertencentes a Ordens. “Podemos guardar os tesouros num cofre e eles ficam bem protegidos durante décadas ou séculos, mas, se o fizermos, estamos a retirá-lo da memória do povo e isso é a mesma coisa que se ele não existisse” – afirmou. Outro argumento em apoio da necessidade de criar estruturas para exibir os bens culturais da Igreja sustenta que “o contacto com os bens culturais educa a sensibilidade do povo, enriquece-o e leva-o a ter mais cuidado não só com os bens culturais, mas também com o ambiente que o rodeia”. O Pe. Manuel Amorim frisou que, para efeitos de integração num circuito turístico «de nada serve ter uma igreja muito bonita se ela estiver rodeada de prédios feios, produto de uma urbanização desordenada, com lixo nas valetas”. O responsável referiu que se está a procurar, com recurso a fundos europeus, criar várias rotas turísticas, a exemplo da Rota do Românico do Vale de Sousa, iniciada em 2003, que abrange 15 igrejas, um mosteiro, duas pontes e uma torre nos concelhos de Penafiel, Paredes, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras. “São projectos muito interessantes, mas é preciso que o povo da região seja também implicado, porque não basta as lindas igrejinhas românicas, não basta o rico espólio que elas contêm, o ambiente é um factor decisivo” – disse. Quanto aos riscos inerentes à exibição, nomeadamente a possibilidade de roubo, o sacerdote considera que “essa não é a maior ameaça que impende sobre os bens patrimoniais da Igreja, mas sim o abandono e as intervenções descuidadas». «Se formos a ver — e temos experiência disso porque estamos a fazer o inventário do património — verificaremos que a maior parte do que desapareceu se deve ao abandono e às intervenções desastradas, muitas vezes devido à ignorância, que levaram os bens à ruína”. Considerou também que a sensibilização das populações para o património levará necessariamente a que elas adoptem uma atitude muito mais positiva ante a vida e a própria sociedade. Sobre o espólio existente no Porto, o responsável disse tratar-se de uma cidade rica em arte sacra à espera de ser descoberta pelos portuenses. «Deve ser integrada em circuitos do turismo cultural, em programas que incluem, não só os monumentos, mas também a gastronomia e espectáculos adequados», frisou. O padre Manuel Amorim afirmou que, em arte sacra, «há um pouco de tudo no Porto». «Desde o românico até à arte nova e algum gótico há de tudo um pouco, mas a expressão mais marcante da arte sacra da cidade é sem dúvida o barroco, que chega a ser espectacular, quer nas suas talhas douradas, quer nos retábulos magníficos», disse. Agência ECCLESIA/Diário do Minho

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