Porto: Obras de Misericórdia precisam de «tradução» para hoje, defende diretor-adjunto da Faculdade de Teologia

«Do Deus da Misericórdia à misericórdia de Deus» é o tema das Jornadas de Teologia 2016

Porto, 03 fev 2016 (Ecclesia) – O diretor-adjunto da Faculdade de Teologia, do núcleo do Porto da Universidade Católica Portuguesa, defende que as 14 Obras de Misericórdia “precisam de uma tradução para a sociedade de hoje”.

“Procuramos de alguma maneira que este conceito de misericórdia que é muito rico porque, de algum modo, diz a própria identidade de Deus, enquanto transborda para o mundo e depois toca também as relações fraternas, possa também ser abordado em diferentes dimensões e do diálogo com o que são as questões da sociedade contemporânea”, explicou o padre Adélio Abreu.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote revela que as Obras de Misericórdia não estão esquecidas porque “estão no coração da Palavra de Deus, particularmente um texto do Evangelho de São Mateus”, mas precisam de uma “tradução para a sociedade de hoje”.

“Creio que cada tempo tem de ser capaz de traduzir uma palavra que é a palavra viva ontem, palavra viva hoje. E, por isso, as Obras de Misericórdia também precisam dessa tradução”, acrescenta o diretor-adjunto da Faculdade de Teologia.

Neste contexto, referiu que procuram incluir “diversas reverberações” sobre a misericórdia quando se programaram as Jornadas de Teologia-Porto, que decorrem até quinta-feira.

No primeiro dia, esta segunda-feira, foi debatida a misericórdia do ponto de vista da Teologia Bíblica e da Espiritualidade Bíblica, com o prior da comunidade monástica italiana de Bose, Enzo Bianchi, o bispo de Lamego, D António Couto, e o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que apresentou o “carisma e a sua missão hoje”.

A Igreja vive o Jubileu da Misericórdia, até 20 de novembro, e o padre Adélio Abreu considera que se pode “correr o risco” de ficar na reflexão e “não tirar incidências práticas para a vida quotidiana”, pelas inúmeras conferências que se promovem sobre este tema em Portugal.

Para o diretor-adjunto da Faculdade de Teologia-Porto é necessário uma reflexão fundada sobre a Misericórdia: “A partir das fontes, da Sagrada Escritura, da tradição patrística, da reflexão teológica e depois no intercâmbio com a cultura contemporânea, no diálogo com a cultura.”

“Ao mesmo tempo, eclesialmente, tentar traduzi-la em gestos”, observa, destacando que na pastoral diocesana “há a preocupação” de traduzir em gestos simples este conceito.

O Ano Santo Extraordinário dedicado à Misericórdia foi convocado pelo Papa Francisco que o padre Adélio Abreu considera ser um tradutor das Obras de Misericórdia em “gestos concretos” e em coloca o conceito no “coração do seu pontificado”.

“É uma realidade muito visível em tudo o que ele diz. No seu magistério, em linguagem muito simples mas muito incisiva e provocante da sociedade contemporânea”, explica o sacerdote.

LFS/CB

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