D. Manuel Clemente presidiu este Domingo, na Sé do Porto, à missa de Requiem que assinalou as comemorações do bicentenário do desastre da “Ponte das Barcas”, ocorrido há 200 anos, por ocasião das invasões francesas. Estima-se que nele tenham morrido cerca de 4 mil pessoas. Na cerimónia, que contou com a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o Bispo do Porto defendeu que “para estarmos autenticamente com as vítimas de há dois séculos e de todos os séculos, quer compartilhando com elas tal vislumbre de eternidade, quer repetindo agora a última generosidade que tivessem, é-nos necessária uma atitude permanente que manifeste e garanta essas atitudes finais e salutares”. “Há duzentos anos o Porto sofreu em pouco tempo a soma de muitas calamidades: guerra, pilhagem, atrocidades sem conto e morte trágica duma multidão espavorida. Nem a imaginação nos chega para o que sucedeu nesta encosta, da catedral ao rio… Mas poderíamos continuar, até às notícias antigas ou actualíssimas de tragédias semelhantes por esse mundo fora. E é precisamente aqui que esta comemoração redunda em compromisso, certamente reforçado, para que a memória dos mortos se torne salvação dos vivos, tornando-nos mais capazes de honrar aqueles, servindo os aflitos de hoje em dia”, indicou. Para D. Manuel Clemente, é urgente “promover activamente a paz”, “como sentimento e pedagogia, da pessoa e da família até à comunidade política e internacional”. “A paz concretiza-se e garante-se no serviço a cada um e na partilha integral de todos”, acrescentou. Horas antes, Cavaco Silva, inaugurara o monumento evocativo do desastre de 1809 na “Ponte das Barcas”, da autoria do arquitecto Souto Moura e que homenageia os milhares de mortos no acidente. O episódio, recordado numa “alminha” instalada numa parede da Ribeira do Porto, ocorreu na sequência da conquista da cidade pelo general Soult, nas segundas Invasões Francesas. Notícias relacionadas • «Memória dos mortos e salvação dos vivos»