Porto: Leigos reuniram-se nas X Jornadas Diocesanas

Iniciadas no ano 2000, as Jornadas Diocesanas do Apostolado dos Leigos, organizadas pelo Secretariado Permanente da Assembleia Diocesana de Movimentos e Obras (SPADMO) realizaram-se pela décima vez e reuniram, na Casa de Vilar, cerca de 170 membros dos Movimentos e Obras Laicais com presença na Diocese.

Estas Jornadas, que decorreram entre as 10h e as 17h de sábado, véspera de Cristo Rei, e foram presididas por D. António Taipa, tiveram grande pertinência no tema que as convocou: Eis que Eu faço novas todas as coisas – a dimensão evangelizadora dos Movimentos e Obras na Igreja. Chamados que estamos, pelo nosso Bispo, a renovar especialmente no ano de 2010 o nosso compromisso de Vida e Missão, renovando assim também a Diocese em cada um dos crentes e em cada realidade eclesial, revelou-se de uma extraordinária fecundidade esta oportunidade, não só de nos reunirmos, mas também de experimentarmos a unidade, em torno a este desafio evangelizador que se pretende novo.

O dia abriu com a oração: meia hora de Lectio Divina em que a meditação sobre uma das cenas no Pretório em que Jesus é levado diante de Pilatos – é como dizes, sou Rei – nos colocou na correcta orientação para o conhecimento deste Jesus, Rei e Senhor do Universo.

Em seguida, e após uma saudação inicial por parte do SPADMO em que foi referida a necessidade de se ir pensando num balanço destes dez anos de encontros e se reforçou a intencionalidade de se colocar estas X Jornadas no âmbito da proposta diocesana para 2010, teve lugar a Conferência com que o P. António Bacelar iluminou e enriqueceu a reflexão e a partilha deste dia.

 

Ardor, métodos e expressões

Subordinada ao tema “A Dimensão Evangelizadora dos Movimentos e Obras na Igreja”, a Conferência centrou-se na Nova Evangelização tal como João Paulo II a inaugurou em 1983: evangelização nova no seu ardor, nos seus métodos e nas suas expressões.  Começando por desenvolver estes três aspectos, o P. Bacelar referiu que não é possível inventar qualquer forma de ardor exterior se ele não acontece na intimidade, no encontro de cada um com Deus e de Deus consigo, acrescentando que este ardor nos consome dentro se não o trazemos para fora. Sobre a novidade nos métodos, sublinhou que o método, mais do que um conjunto de estratégias e planificações, é ele próprio também evangelizador e está indissociado do sujeito da evangelização que é todo o Povo de Deus; por isso só faz sentido se o actuar juntos não for um acessório acidental ou opcional mas se se revelar constitutivo, da nossa própria natureza de Povo que se deve e se refere à Trindade e se vive como Igreja Comunhão. Quanto a novas expressões talvez do que se trate é de resgatar palavras cujos sentidos se desgastaram e foram quase esvaziadas de sentido, como o diálogo. Recordou, a este propósito, o grande Papa do diálogo, Paulo VI, e a Ecclesiam Suam remetendo-nos para os quatro níveis de diálogo aí referidos – entre católicos, ecuménico, inter-religioso e com pessoas de boa vontade – acrescentando-lhe um quinto, o diálogo com a cultura contemporânea.

Uma vez desenvolvidos estas três características da nova evangelização, o P. Bacelar acrescentou mais sete, recolhidas de diversas reflexões de um guia privilegiado para revisitar este tema, João Paulo II. E foram elas: O homem á amado por Deus, Formar comunidades cristão maduras, Evangelizar-se a si mesmos, Pôr em relevo o amor, Actuar o mandamento novo, Santidade e, finalmente, Proclamar sobre os tectos (A nova evangelização, como a evangelização de sempre, será eficaz se souber proclamar sobre os tectos aquilo que antes viveu na intimidade com o Senhor).

 

Não é a diferença que cria divisão

No tempo de diálogo entre participantes e conferencista, várias foram as questões levantadas, mas o grande debate centrou-se nas questões de identidade, diferenças e comunhão. Sobre isto, também o P. Bacelar ajudou à reflexão de todos, fazendo o elogia da diferença, afirmando que não é a diferença que cria a divisão; é a não comunicação, a não promoção, da diferença, reiterando que promover a diferença é caminho de unidade, uma vez que, o mistério de Deus Trindade é o mistério da diferença. Sobre a construção da unidade, referiu que unidade e distinção têm que crescer em simultâneo, e que a diferença é uma possibilidade de dom para os outros. Concluiu este debate perguntando-se e respondendo: Porque é que é importante a comunhão? Porque a diferença é que nos salva. A comunhão é a chave da missão. Juntos com as nossas diferenças. Um círculo virtuoso: comunhão e missão.

Com a pontualidade que sempre pauta estas jornadas, o almoço foi também uma oportunidade de encontro informal e de conhecimento mútuo, tendo os trabalhos da tarde prosseguindo com o debate em pequenos grupos em torno a três questões que versavam a necessária e desejada relação entre os tópicos sobre a Nova Evangelização hoje reflectidos e a corresponsabilidade na vivência da Missão 2010, e dois especiais âmbitos de diálogo: entre nós mesmos, no seio de uma mesma Igreja, e com aquele vasto campo, “fora de nós” para o qual a missão sempre nos impele.

Regressados ao Plenário, os 14 grupos formados, através dos seus porta-vozes, partilharam com todos, as principais reflexões, sublinhados, interrogações, propostas… surgidas no decurso dos trabalhos de grupo. Os aspectos em que mais se insistiu foi na necessidade de nos deixarmos evangelizar, através de uma oração mais assídua e de uma formação mais sólida; no diálogo entre os vários movimentos e obras e na importância do conhecimento e valorização mútuos e fidelidade ao carisma próprio; na finalidade última do nosso ser e actuar: o encontro com Cristo.

Antes da oração final, D. António Taipa encerrou a reflexão deste dia remetendo-nos para a verdade que é Jesus Cristo. Na origem do ser cristão, recordou, não está uma ideia, uma decisão ética. Está um acontecimento que é uma pessoa: Jesus. Voltando à reflexão do início do dia, devolve-nos a pergunta, Que fizeste? Pergunta de Pilatos a Jesus de Nazaré. Que fazemos, como fazemos, por amor de quem o fazemos, com que objectivo o fazemos? E coloca-nos, finalmente, o desafio fundamental: Novos métodos e expressões. Como? Querendo bem ao mundo. Amando o mundo. Um mundo que se ama na diversidade e, à maneira de Jesus, pela capacidade de nos darmos. Ser rei pela cruz é ser capaz de fazer da vida toda um serviço, é ser capaz de acolher o outro. E acolhê-lo, não simplesmente tolerá-lo; acolhê-lo é recebê-lo e glorificá-lo na sua diversidade. Terminou sublinhando que reinar pela verdade é reinar pela fidelidade ao que se é e agradecendo a presença de todos, que a todos enriquece.

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