Padre Samuel Guedes explica mudanças que foram feitas para reduzir um passivo económico que em 2017 se cifrava em 5 milhões de euros
Porto, 17 abr 2019 (Ecclesia) – O padre Samuel Guedes, responsável pela gestão económica da Diocese do Porto, está convicto de que 2019 vai ser “um ano de viragem” para a Igreja Católica local, em termos económicos, depois de um período “bastante preocupante”.
Em entrevista ao jornal ‘Voz Portucalense’, o sacerdote recorda que em julho de 2017, o passivo da Diocese do Porto andava “muito próximo dos cinco milhões de euros”, com “prejuízos na ordem dos 500 mil euros por ano”.
“A reputação da Diocese nas entidades bancárias não era de todo a melhor” e, associado a isto, “o património imobiliário também se traduzia num dossier complicado e a necessitar de uma atenção redobrada”, recorda aquele responsável, que destaca algumas das principais medidas que têm sido tomadas para inverter este cenário.
Em primeiro lugar, a “reestruturação de toda a equipa de trabalho, como também dos métodos de trabalho”.
“Foi preciso iniciar um processo de recuperação económica, muito difícil e muito exigente, que implicava dispensa de colaboradores, substituir e/ou requalificar outros, diminuir despesas e serviços, organização, inventariação e rentabilização do património imóvel”, explica o padre Samuel Guedes.
O segundo passo implicou a definição de “um caminho de centralização da administração diocesana nos vários setores e secretariados, possibilitando sinergias, nomeadamente na partilha de resultados alcançados e em ordem a facilitar uma adequada gestão de tesouraria”.
Sobre os primeiros resultados deste processo, que implicou a potenciação económica de vários bens patrimoniais da Diocese do Porto, “de forma estruturada, profissionalizada e racionalizada”; os primeiros resultados já se fazem sentir, com uma redução em cerca de um milhão e oitocentos mil euros no endividamento bancário, à data de dezembro de 2018.
“Para 2019 já prevemos que a Diocese não tenha prejuízos, espelhando-se no orçamento as poupanças conseguidas nos principais consumos e as geradas pela redução do endividamento. A reputação da Diocese nas entidades bancárias é boa e de confiança e, à conta disto, temos vindo a renegociar com êxito spreads, comissões e garantias”, explica o Ecónomo da Diocese do Porto.
No horizonte está continuar este trabalho, alcançar “a liquidação total do crédito bancário” e avançar para a “criação de um fundo financeiro” diocesano, que possa atender às principais problemáticas da Igreja Católica local.
O padre Samuel Guedes dá como exemplo “os seminários diocesanos, “que precisam, urgentemente, de requalificação dos seus espaços de habitação e formação”, mas menciona também outras necessidades que estão a surgir.
“Estão a começar a bater-nos à porta instituições com problemas de sustentabilidade e a pedir-nos ajuda para os resolver. É preciso dar resposta. E, às vezes, não serve, nem chega, o socorro do fundo diocesano. É preciso mais, como ajudar a reestruturar e disponibilizar meios financeiros para o sucesso da intervenção”, frisa o sacerdote.
Para o padre Samue Guedes, é fundamental desenvolver uma dinâmica “acima da economia do lucro” e que este conceito seja sobretudo algo em que “todos colaboram e do qual todos beneficiam”.
“Talvez este deva ser o melhor caminho para o futuro económico da diocese”, conclui o sacerdote.
JCP