Portimão: Antigo restaurante convertido em cantina social

Obra da Cáritas local permite combater a fome de famílias que «de um momento para o outro se viram nesta necessidade»

Portimão, Faro, 05 mar 2015 (Ecclesia) – A Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão apoia atualmente cerca de 200 famílias e 700 pessoas e, devido ao aumento gradual do número de pessoas desfavorecidas, lançou um projeto de cantina social.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a presidente da instituição católica, Manuela Santos, salienta que por causa do desemprego e das dificuldades económicas, muitas pessoas nem sequer têm a possibilidade de pagar o gás e confecionar as suas próprias refeições.

“Achamos por bem criar a cantina e começarmos a dar uma refeição quente por dia, a famílias, a pessoas idosas, a pessoas algumas na rua, mediante as nossas possibilidades, tentamos chegar a quem mais precisa”, frisa aquela responsável.

Sediada no espaço de um antigo restaurante, adquirido pela paróquia por cerca de 50 mil euros, a cantina está aberta aos utentes de segunda a sexta-feira, entre as 18h00 e as 19h00.

O espaço conta com uma equipa de três cozinheiros e mais de duas dezenas de voluntários que colaboram na receção e gestão dos alimentos doados, na confeção das refeições e na sua distribuição pelas pessoas.

Graças a uma parceria com a junta de freguesia e com os bombeiros locais, a Cáritas portimonense está a “levar” a comida a casa de quem não tem condiçoes para se deslocar, sobretudo pessoas mais “idosas”, adianta Manuela Santos.

Nessas visitas ao domicílio, são ainda prestados “alguns cuidados de saúde” a doentes que necessitem de maior acompanhamento.

Só no ano passado, a Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão distribuiu mais de 67 toneladas de alimentos, seis mil peças de roupa, entre outras ajudas.

De acordo com o presidente da junta de freguesia local, a “sazonalidade” do mercado de trabalho no Algarve, mais aberto no período do Verão, é o principal foco de instabilidade para a população local.

“Todos os dias chegam até nós famílias carenciadas, muitas delas ou são pessoas de idade com os filhos agora em casa ou são pessoas novas, com dois, três filhos a cargo e sem poderem dar o melhor aos seus filhos”, descreve Álvaro Bila.

Nesse sentido, o responsável político considera a Cáritas e mais especificamente o novo projeto da cantina, fundamental para o apoio a estas pessoas, muitas delas desesperadas.

“Há pessoas que têm vergonha de se expor, nunca estiveram habituadas a isto, de um momento para o outro viram-se nesta necessidade”, complementa.

A cantina social veio reforçar o leque de opções solidárias que a Cáritas portimonense tem vindo a colocar à disposição das populações locais, e que inclui um centro de atendimento onde são avaliadas necessidades ao nível do pagamento de contas como a água, a luz, o gás, de rendas da casa e de medicamentos, entre outras despesas pontuais.

Com instalações recentemente renovadas e mais centralizadas, na Rua Diogo Gonçalves, na zona histórica de Portimão, a organização possui também uma loja social e espera no futuro lançar um ATL social, onde os pais possam deixar os filhos sem grandes encargos.

Segundo o padre Mário Sousa, responsável pela Paróquia da Matriz de Portimão e grande impulsionador da Cáritas local, já estão a decorrer “negociações com a Câmara de Portimão”.

O programa «70×7» deste domingo (RTP2, 11h30) vai ser dedicado à ação da Cáritas Portuguesa, incluindo a reportagem em Portimão.

JCP

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