Portalegre: Pandemia veio agravar crise social, alerta Cáritas Diocesana

Elicídio Bilé projeta meses de «enormes desafios», mesmo após superação da emergência sanitária

Foto: Comissão de Gestão do Património Religioso – Diocese de Portalegre-Castelo Branco

Portalegre, 26 fev 2021 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas de Portalegre-Castelo Branco disse hoje à Agência ECCLESIA que a região vai viver um ano de “enormes desafios”, com o agravamento da situação social causado pela pandemia, mesmo após o fim da crise sanitária.

“Nós podemos melhorar a situação sanitária, mas o problema social não passa da mesma maneira. A curva pode decrescer, ao nível sanitário, até económico, mas a nível social vai manter-se por muito mais tempo”, advertiu Elicídio Bilé.

O responsável sublinha que a pandemia veio agravar um problema social que já existia, sobretudo em Portalegre, com uma população envelhecida e “sem grandes expectativas”.

“Esta crise trouxe vários problemas, quase todos eles relacionados com a diminuição dos rendimentos”, pelo desemprego ou o regime de lay-off, precisa.

O presidente da Cáritas local destaca que a zona de Portalegre, em concreto, “já estava muito afetada”, dado que o encerramento das indústrias tradicionais tinha gerado um problema “gravíssimo”.

“Toda a atividade económica aqui estava definhada, em quase todas as áreas, do setor primário ao setor terciário”, indica.

A Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco registou um aumento de pedidos de ajuda na ordem dos 25%, desde março de 2020, altura do primeiro confinamento provocado pela Covid-19, o que é “significativo” face ao número de pessoas que já eram atendidas.

“O problema do desemprego era um problema grave e os primeiros afetados foram os migrantes. Esse tem sido um problema gravíssimo”, aponta o responsável.

O impacto da crise foi particularmente sentido pelos imigrantes, “as primeiras vítimas do desemprego”.

A Cáritas local atendeu 856 migrantes atendidos desde o início da pandemia, através do centro local de apoio à integração, sobretudo pessoas naturais do Brasil (43%) e da África subsaariana (30%).

A organização católica tem ainda um serviço de apoio ao emprego, em colaboração com a Fundação ‘la Caixa’, através do seu programa ‘Incorpora’, que permite dar “uma resposta mais clara” às pessoas em situação de risco de exclusão social, bem como às empresas.

Elicídio Bilé, destaca a importância de trabalhar em “parceria” e considera que a Cáritas deve mobilizar-se também para “inovar na forma de agir e para encontrar melhores respostas a problemas novos”.

Durante o ano de 2020, a Cáritas de Portalegre-Castelo Branco ajudou, nos seus atendimentos sociais, 19 903 pessoas, cerca de 5500 famílias, “um número substancial”, segundo o presidente da instituição.

No pagamento de despesas de emergência foram encaminhados mais de 134 mil euros, uma verba que foi obtida através do programa “Inverter a Curva da Pobreza”, da Cáritas Portuguesa.

“Nós nunca deixamos de ter a sede da Cáritas aberta”, realça Elicídio Bilé, que recorda os atendimentos por marcação, nos vários períodos de confinamento.

Para este responsável, a crise é também uma oportunidade para olhar os mais vulneráveis “com os olhos do coração”, cuidando deles e ajudando todos a encontrar “um projeto de vida alternativo”.

A situação de confinamento impede, pelo segundo ano consecutivo, a realização do peditório público para a recolha de fundos, pelo que a Cáritas vai promover um peditório nacional online.

Para Elicídio Bilé, esta foi uma “ideia feliz”, que permite ajudar a reforçar os fundos necessários para as várias respostas.

A Cáritas Portuguesa vive de 28 de fevereiro a 7 de março a sua Semana Nacional, com o tema “Cáritas 65 Anos: O Amor que Transforma”, procurando destacar a ação da organização católica no combate à pobreza e exclusão social

OC

Notícia atualizada às 18h11

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