Portalegre-Castelo Branco: Leigos querem mais formação e espiritualidade

Menos de metade das paróquias têm grupos de trabalho para o sínodo diocesano

Portalegre, 18 jun 2012 (Ecclesia) – Os leigos católicos da Diocese de Portalegre-Castelo Branco querem saber mais sobre os fundamentos e a doutrina da sua fé, ao mesmo tempo que reclamam mais momentos de oração fora dos sacramentos.

“As pessoas estão conscientes de que têm muitas limitações e manifestam um desejo intenso de mais formação em vários aspetos, como o bíblico, e também na liturgia, catequese de adultos e espiritualidade”, revelou hoje à Agência ECCLESIA o cónego Bonifácio Bernardo, um dos responsáveis pelo sínodo que a diocese realiza desde 2009.

A conclusão foi obtida após a análise preliminar das respostas aos temas lançados no âmbito desta assembleia, que segundo o sacerdote tem sido “absolutamente indispensável e meritória, não só pela correspondência dos leigos mas também pela ação dos párocos”.

“Nota-se o empenhamento das pessoas” e a sua “ânsia” em colaborar, frisou o responsável, que reconhece “alguma dificuldade” no arranque dos grupos sinodais que  debatem temas escolhidos a partir de um inquérito realizado à população em 2010.

Mais de metade das 161 paróquias não constituíram equipas de trabalho, realidade que não desanima o cónego Bonifácio: “Temos a esperança de que as pessoas, ao verem o resultado e o apreço que a comissão sinodal dá às suas propostas, serão capazes de motivar outros a constituir grupos onde eles não existem”.

“Estamos numa região do interior, envelhecida, onde as comunidades estão dispersas por muitos lugares, pelo que é difícil ao sacerdote apoiar a criação dos grupos, motivá-los e acompanhar as suas reuniões”, justificou o deão do Cabido, que também se referiu à idade avançada dos padres e ao facto de serem responsáveis por várias paróquias.

Os grupos sinodais, atualmente 240, refletiram sobre cinco temas e estão desde janeiro a enviar propostas resultantes desse estudo à comissão coordenadora, que as vai sintetizar durante o verão, apresentando-as através de um “instrumento de trabalho” na próxima assembleia diocesana, “em meados de outubro”.

As cerca de 2600 pessoas que participam no sínodo, organizado a partir do lema “O dom está em ti”, avaliaram o funcionamento das estruturas e organismos da diocese, a “nova evangelização”, as estruturas de participação dos católicos na vida da Igreja e os sacramentos, além da formação.

A próxima etapa de auscultação, que começa em outubro, centra-se na “fé, evangelização e vocações na Igreja”, questões divididas em sete temas: batismo, unidade e complementaridade dos ministérios, cultura vocacional, caridade e instituições sociais, doutrina social católica, matrimónio e sacerdócio e, por fim, formas de consagração a Deus de religiosos e leigos.

Esta fase, que coincide com o Ano da Fé, de 11 de outubro a 24 de novembro do próximo ano, vai ficar marcada pela realização da primeira assembleia sinodal, que o responsável prevê que possa ocorrer no fim de 2012.

O sínodo prossegue em 2013-14 com o último objeto de estudo, a “evangelização e família”, revelou o cónego Bonifácio, que evitou falar da data de conclusão da assembleia: “Queremos decidir de acordo com a caminhada”, explicou.

“Pensámos na possibilidade de o sínodo estudar um tema por ano e encerrar no final desse processo”, afirmou, sem no entanto se comprometer com o prazo.

Os sínodos diocesanos são assembleias consultivas sujeitas a ratificação do bispo.

RJM

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