Por onde andam e o que fazem os antigos alunos dos Seminários portugueses

Conclusões do inquérito realizado no âmbito do I Congresso Nacional de Antigos Alunos dos Seminários No âmbito do programa do 1º Congresso de Antigos Alunos dos Seminários de Portugal, foram apresentados os resultados de um inquérito levado a cabo pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica. Este trabalho pretende dar a conhecer quem são, por onde andam, porque entraram no seminário e o que pensam os antigos seminaristas de Portugal sobre alguns temas da actualidade. João António, coordenador do inquérito, e que apresentou os dados, conclui que os resultados revelam que a opção da entrada no seminário “tem a ver com a possibilidade de subir na vida, de obtenção de maior instrução, para se ter acesso a profissões melhores, mas também há um grande realce para perspectiva da procura de uma formação de valores, de uma formação humana”. Sobre o papel dos seminários na vida da sociedade actual, 78% dos padres e 44% dos leigos sublinha a importância do trabalho que desenvolvem estas instituições para o discernimento vocacional dos seminaristas, e, em segundos níveis, é também reconhecido como factor de relevo o facto de os seminários proporcionarem a descoberta do sentido do outro e da missão da Igreja e possibilitarem o desenvolvimento crítico e a capacidade de realização. Em relação aos inquiridos que seguiram o sacerdócio, 81% realça como aspectos positivos da sua experiência no seminário a camaradagem, a amizade e a vida em comunidade e também possibilidade de discernimento e crescimento da fé e da vocação. Como aspectos negativos 32% fala da disciplina, da austeridade e do rigor. Quanto aos leigos, e em relação aos aspectos negativos, 21 % fala do isolamento, 18% da disciplina e austeridade, e de forma positiva sublinha a qualidade de estudo e do ensino. Os leigos antigos seminaristas inquiridos são professores (19%), gestores ou empresários (13%), advogados, juízes, magistrados, procuradores (total de 10% nesta profissões na área do Direito) e, entre outras profissões menos representadas, bancários (9%). 52% dos agregados familiares de antigos seminaristas (leigos), tem um rendimento mensal líquido superior a 2.500 euros por mês. 84% é casado pela Igreja Católica, e 89% tem dois filhos. 89% dos filhos de antigos seminaristas leigos não pretende frequentar os seminários, segundo referiram os pais em resposta ao inquérito. Quanto aos sacerdotes, 56% são párocos e, em termos de rendimento, 52% aufere mensalmente entre 450 a 900 euros. 85% dos padres e 43 % dos leigos pertence a uma associação de antigos alunos. Chamados a reflectir sobre aquilo que pensam da actual organização da Igreja, 47% dos leigos e 32% dos padres consideram-na “demasiado centralista” e 36% inadequada às realidades do mundo contemporâneo. Politicamente falando, 59% dos leigos e 47% dos padres opta pelo regime republicano. Para concretização deste inquérito foi realizada uma sondagem por telefone que consistiu em entrevistas de aproximadamente 20 minutos a antigos seminaristas de todo o país. “Estão pouco representados neste inquérito aqueles que se afastaram completamente do seminário e de tudo o que lhe é relacionado”, informa o responsável do CESOP. Os sacerdotes inquiridos foram seleccionados do Anuário Católico e os leigos através das associações de antigos seminaristas. Em relação às idades, foram entrevistados antigos seminaristas entre os 23 e os 90 anos, no entanto a maioria nasceu nas décadas de 40 e 50. A equipa de investigação confirma a elevada taxa de participação no inquérito, o que considera que “é revelador do interesse pelo tema”. O Congresso Decorre em Fátima, até ao final da manhã de Domingo, o Congresso nacional de Antigos Alunos dos Seminários de Portugal, uma iniciativa inédita promovida pelo Santuário de Fátima na qual estão a participar mais de trezentas pessoas. Esta Sexta-feira, na sessão de abertura, foi frisada a pertinência deste encontro “sui generis” em que, nas palavras do Presidente da Comissão organizadora, Padre Armindo Janeiro, os seminaristas são “ao mesmo tempo, protagonistas e tema de discussão”. “Por outras palavras, somos todos especialistas na matéria e matéria em debate”. Este responsável faz votos que estes dias sejam “uma grande celebração do que vivemos no seminário e uma acção de graças pelo que dele recebemos. Deste congresso sairemos com renovada esperança, capaz de inspirar confiança no futuro”. Este mesmo desejo foi apresentado pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, que, também na qualidade de Vice-Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, transmitiu aos participantes “a proximidade afectuosa, a expressão da estima, do afecto e do apoio dos Bispos portugueses a este congresso”. “É este manancial da memória que queremos recolher neste primeiro congresso de antigos alunos dos seminários, quer revisitando a história desta venerável instituição que foi uma escola de vida e formação para tantos quando não havia a democratização do ensino, quer como partilha de histórias e memória vivenciais que são uma verdadeira permuta de dons. É uma experiência de comunhão”, afirmou D. António Marto. As palavras de acolhimento do Reitor do Santuário de Fátima, Padre Virgílio Antunes, também tiveram como base o título do seminário “Da memória à profecia”. O Reitor faz votos que este congresso seja um “grande momento de fazer memória” e também ocasião para “nos abrir para a bênção de Deus para o presente e para o futuro”. Destacou na iniciativa a vertente da “memória”, como meio de “tomar uma consciência, no hoje, no presente, da importância que teve o seminário, mas também a família e a escola” na vida dos antigos seminaristas e também o aspecto da “profecia”, que ajudará “a uma leitura da realidade, enquanto pessoas, enquanto povo de Deus, à luz da fé”, permitindo aos participantes a “abertura para o presente e para o futuro das nossas vidas”. O presidente da Associação de Antigos Alunos dos Seminários de Braga e de Viana do Castelo, Lima Cruz, no mesmo momento de abertura, destacou que durante estes dias de “trabalho, escuta e participação, certamente ficaremos gratos por nos podermos actualizar, podermos construir novas pontes e amizades nas relações sociais, estimulando a sadia afectividade e ajudando a superar os conflitos que nos acompanham no dia a dia”. LeopolDina Simões, Sala de Imprensa

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