População de Bravães dramatiza Paixão de Cristo

Trinta e cinco “actores” e cerca de 60 figurantes, todos habitantes de Bravães, em Ponte da Barca, levam hoje, Quinta-feira Santa, à cena naquela freguesia uma peça sobre a paixão de Cristo, representada em cinco palcos. Trata-se da recriação de “A Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, da autoria do escritor António Manuel Couto Viana, publicada no livro “Tesouros da Literatura Popular Portuguesa” e que relata a paixão de Jesus Cristo, desde a acusação e julgamento até à sua morte e ressurreição. A representação, que começa às 22h00 e demora cerca de duas horas, divide-se por cinco palcos, estrategicamente montados ao redor do Mosteiro Românico de Bravães, começando no chamado “Palco de Caifás”, onde é feita a primeira acusação a Jesus Cristo. A acção continua no “Palco do Jardim das Oliveiras”, onde Judas entrega Cristo aos judeus e aos romanos, que o mandam a Pilatos, a Herodes e novamente a Pilatos, seguindo-se, após a condenação, uma espécie de via-sacra, que termina com a crucificação no “Palco do Monte do Calvário”. O mais jovem “actor” desta peça tem 12 anos e os mais velhos cerca de 60, mas há pelo menos um figurante que já tem 75 anos, o que, segundo Jaime Ferreri, responsável pela encenação, «demonstra bem o envolvimento nesta iniciativa de praticamente toda a comunidade de Bravães», uma freguesia com cerca de 700 habitantes. Cristo é personificado por um jovem de 23 anos, que carrega aos ombros a pesada cruz, onde no final é “pregado”, naquele que se pretende que seja o momento mais emotivo da representação. Mas o momento mais “arriscado” é quando as três cruzes – uma com Cristo e as outras com o bom e o mau ladrão – são levantadas, em simultâneo, num número que exige a colaboração de pelo menos 12 homens, de preferência com «algum arcaboiço físico». O trajecto desde a condenação ao Monte do Calvário é acompanhado pelo Grupo Coral de Bravães, que recuperou um canto religioso tradicional com mais de 100 anos e que, de acordo com Jaime Ferreri, «é simplesmente arrepiante». Todos os actores e figurantes estão vestidos a rigor, com trajes usados na época dos acontecimentos, disponibilizados por uma casa de Viana do Castelo. Antes da representação, é recuperada, num dos palcos, uma outra tradição, com cerca de 30 mulheres da freguesia a cantar uma novena de evocação às almas, como se fazia nas freguesias do Minho há 50 ou 60 anos, e que em Bravães se chama “ementar às almas”. O curioso neste grupo de mulheres, sublinhou Jaime Ferreri, é que dele fazem parte quatro gerações, desde a trisavó à neta. Todo este trabalho é uma iniciativa da Associação Cultural e Desportiva “Os Canários”, de Bravães, com a supervisão de Jaime Ferreri, professor de Matemática e Arte Dramática e também presidente da Assembleia-Geral da colectividade. Redacção/Lusa Jovens de Nine encenam últimas horas de Cristo O tempo litúrgico quaresmal está no fim e a recta final tem sido, nas comunidades de Nine e Arnoso Santa Eulália, em Vila Nova de Famalicão, uma ocasião interessante e motivadora para a reflexão bíblica e espiritual. Todos os anos, nos quartos sábados da Quaresma, sai às ruas de Nine a via-sacra, como que preparando a Procissão dos Passos, e em Arnoso Santa Eulália, no sábado de Ramos, como que a introduzir a Semana Santa. Aqui, o grupo de catequese esmera-se em representar ao vivo todas as estações da via-sacra, terminando com a Ressurreição no interior da igreja paroquial, cujo anúncio marca o arranque da Eucaristia. Para além das cerimónias litúrgicas, próprias da Semana Santa, a visita pascal ainda constitui, em ambas as paróquias, um motivo de festa, levando de casa em casa, de rua em rua, o anúncio da Ressurreição de Cristo. Grupos constituídos integralmente por leigos partilham, assim, o mistério de Cristo ressuscitado. O grupo de jovens de Nine encena amanhã, Sexta-feira Santa, às 21h00, no largo de Santo António, a Paixão e Morte de Cristo. A dramatização termina na igreja paroquial, com a adoração solene da Cruz. Tal como nas vias-sacras e na Procissão dos Passos, espera-se que o povo cristão acorra e participe com a profundidade da sua fé nestas encenações, que devem conduzir os presentes aos primórdios da salvação do povo de Deus. Num tempo em que se afirma que os jovens abandonaram a Igreja e que a religião já nada lhes diz, há muitos acontecimentos que contradizem isso mesmo. Salvador Cabral

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