Pobreza: Santa Sé considera «imperativo» tomar medidas «radicais e transformadoras» em relação à dívida

Representante na ONU defende estratégias de reestruturação da dívida para dar aos países em desenvolvimento «o espaço fiscal de que precisam para investir nas populações»

Cidade do Vaticano, 11 jul 2024 (Ecclesia) – O observador permanente da Santa Sé na Organização das Nações Unidas defendeu que “é imperativo” tomar medidas “radicais e transformadoras” em relação à dívida, no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF) em Nova Iorque, EUA.

D. Gabriele Caccia propõe que seja tomada uma ação, uma vez que existe uma “disparidade significativa” entre a percentagem da despesa pública em serviços essenciais nas economias avançadas e nas economias emergentes e em desenvolvimento.

Segundo o responsável, devem ser implementadas “estratégias de reestruturação da dívida” para dar aos países em desenvolvimento “o espaço fiscal de que precisam para investir nas suas populações”, informa o portal de notícias do Vaticano.

O observador permanente da Santa Sé na Organização das Nações Unidas falou que o compromisso de enfrentar os aspetos “multidimensionais da pobreza” está “fora do alcance” de muitos países em desenvolvimento, que são forçados a “desviar recursos preciosos para o pagamento de dívidas insustentáveis”, descrevendo esta como “uma realidade escandalosa”.

A pobreza continua a ser “o maior desafio global” a enfrentar, destaca D. Gabriele Caccia, que diz que este flagelo não diz respeito “apenas aos recursos financeiros” das pessoas, manifestando-se numa “variedade de formas que exigem uma abordagem integral”.

“[Existem atualmente] níveis alarmantes de fome e subnutrição em todo o mundo”, realça o arcebispo Caccia, que acrescenta que as crises económicas, as alterações climáticas e os conflitos estão a exacerbar as vulnerabilidades de milhões de pessoas, “afastando a visão de um mundo sem fome”.

Para enfrentar o “contexto de emergência”, D. Gabriele Caccia considera que o papel desempenhado pelos atores não estatais continua a ser “central”, incluindo a Igreja Católica, que através de numerosas organizações, iniciativas e instituições de caridade está presente no terreno “incluindo, mas não se limitando” à distribuição de refeições diárias.

O arcebispo diz que a dependência de soluções de curto prazo é inadequada, dando ênfase à necessidade de “agir com um renovado senso de urgência” para aliviar a fome e também para transformar os sistemas alimentares e garantir “sustentabilidade, resiliência e equidade” na produção e distribuição de alimentos.

“Reforçando a Agenda 2030 e erradicando a pobreza em tempos de múltiplas crises: a entrega eficaz de soluções sustentáveis, resilientes e inovadoras” é o tema do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, que teve início no dia 8 e termina a 17 de julho.

LJ/OC

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