Percalços no caminho

Novo dia começa cedo para os peregrinos que cedo querem chegar ao destino. Atravessando a cidade pela estrada principal a pouco e pouco vai-se saindo do Porriño, cidade onde o grupo pernoitou. Uns espalhados no corredor, outros tiveram alojamento nas camaratas. A única diferença são as camas, mas havendo um colchão, também se dorme. E mais grupos foram entrando depois dos 18 vindos de Vila Nova de Famalicão. A caminho da nova etapa para este dia – Porriño / Redondela propõe 17 quilómetros. Andando pelas ruas ainda se encontram resquícios do “Nunca Más!” – slogan que correu mundo quando o barco Prestige derramou petróleo ao largo da costa da Galiza. Na altura, em 2003, “havia mais faixas penduradas nas casas”, relembra um repetente. A primeira etapa do caminho segue pela estrada nacional 550. Aqui os peregrinos misturam-se com os carros e carrinhas que passam. É normal ouvirem-se apitos de saudação para quem vai em peregrinagem. A concha marca 95.333 para Santiago de Compostela e é altura de mudar o rumo para se seguir por entre as árvores. À frente, uma clareira com uma capela onde se sente o cheiro a eucalipto. O sol ainda não queima mas vai aquecendo os passos e despem-se os casacos que confortavam do frio da manhã. Começa a esperada subia quando a concha marca o quilometro 93.194. O grupo vai espaçando conforme a resistência. Mas ainda de pára para ver algumas ovelhas a comer no pasto. A meio da subida, uma fonte serve para parar, beber água e encher as garrafas, pois o dia ainda promete. Passados 600 metros a subida dá descanso, mas o grupo já se estendeu. Há quem prefira não abrandar o passo na subida para não custar mais, outros preferem ir calmamente conforme a sua resistência. Lá em cima a natureza toma conta do silêncio. Sente-se o vento, os pássaros a chilrear e ao longe um cão a ladrar. E a respiração ofegante de quem vai chegando. A subida é feita em asfalto no meio de casas que ladeiam a estrada. Na dúvida do caminho para se virar para cima ou para baixo, “é para baixo!”, diz uma senhora que cuida das vinhas à beira da estrada. O percurso foi de subida, mas agora a descida é íngreme. Se os músculos ressentem a subida, os joelhos fazem doer a descida, pois no percurso de Chan das Pipas se não se travar ligeiramente, o mais certo é cair. Já falta pouco para entrar em Redondela que se avista mais à frente. O grupo une-se para entrar junto na localidade, onde a concha indica faltarem 84.181 para Santiago de Compostela. Entrando na vila encontra-se o albergue no centro. Um ribeiro passa mesmo à porta onde já estão peregrinos a descansar, pois o sol convida a isso. De albergue em albergue vão-se encontrando os mesmo grupos, pois o ritmo de caminhada e o calendário do percurso é o mesmo. Os horários é que divergem. O albergue de Redondela está cheio. Algumas pessoas ainda esperam à entrada para saber se é possível mas “para 18 pessoas não dá”, diz a recepcionista. A solução que apresenta ao grupo é ir à polícia e pedir as chaves de um ginásio. Segue o grupo para a polícia para pedir autorização. “Primeiro têm de passar pelo «ajuntamento»”. A Câmara Municipal tem de dar o aval para ser ter acesso ao ginásio. O vereador da cultura da autarquia consegue que permitam o uso do ginásio antes das 19h, pois o grupo “está cansado e precisa de descansar”, pede o Pe. António Machado. Pedido aceite e os peregrinos rumam ao ginásio, 500 metros mais à frente. Mais percalços destes irão surgiu, refere a recepcionista no albergue em Redondela. Os grupos serão os mesmo e se anteciparem o horário de saída, chegarão primeiro ao albergue seguinte. A entrada nestas infraestruturas está organizada por ordem de chegada. Não se aceitam reservas e têm prioridade os grupos que caminham a pé de mochilas às costas. Só depois os que levam carro de apoio – caso do grupo de Vila Nova de Famalicão. Os peregrinos de bicicleta e a cavalo entram por último. “A partir de Janeiro de 2008 os albergues serão pagos”, adianta ainda a recepcionista. “Estas infraestruturas dão muita despesa”, acrescenta o Pe. António Machado.

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