Património: Quatro dioceses promovem exposição itinerante para colocar em diálogo «natureza», «artista» e «observador» – (c/fotos)

Mostra «Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador» alerta para o cuidado com o ambiente e a preservação do património religioso

Foto: Fátima Eusébio

Lamego, 09 jul 2021 (Ecclesia) – A exposição interdiocesana ‘Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador’ foi inaugurada hoje em Lamego, iniciando um percurso por quatro dioceses portuguesas para evidenciar o diálogo entre a natureza, o artista e o observador.

“Todas as obras de arte das nossas igrejas são, por norma, fruto de materiais criados por Deus. Mas a casa comum potencia a interação com o artista que estabelece um diálogo com os materiais da natureza para a criação da obra de arte. Esta obra vai dialogar com os observadores, que podem ser os fiéis e a assumem numa perspetiva de anúncio e conhecimento da proposta da Igreja, mas também da relação dos fiéis com Deus”, explica à Agência ECCLESIA Fátima Eusébio, diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu.

“A Casa Comum é dos crentes e dos não crentes. Nós que consideramos que toda esta beleza inspiradora que o artista transpõe para os materiais, também ela é fruto do diálogo de Deus com o artista. Estamos a falar de obras que o artista vai buscar à natureza, transforma para depois, falar de Deus”, acrescenta.

A responsável sublinha os “vários diálogos que se cruzam”.

A exposição temporária  vai estar em Lamego até a15 de outubro, passando depois por Aveiro, Viseu e Guarda, onde vai estar até outubro de 2022, fruto da união e do trabalho de diferentes “organismos vocacionados para os bens culturais”.

“Sabemos que as dioceses têm poucos técnicos afetos a esta área mas se todos nos colocamos em diálogo, conseguimos fazer projetos com outra dimensão, projeção e abrangência que não seria possível a cada diocese de forma isolada”, aponta Fátima Eusébio, sublinhando a articulação entre “competências técnicas e cientificas” de diferentes origens.

O resultado são cerca de 50 peças, “oriundas das quatro dioceses” que atualmente “não estavam afetas ao culto” e que na exposição vão poder ser interpretadas também a partir do seu habitat.

Na exposição, em simultâneo com as peças de arte, críamos pequenos núcleos de acordo com a materialidade e os elementos que os compões: bocados de madeira, e a mesma já a ser transformada, bem como os instrumentos que o artista usa para as transformar; A presença de argila no caso de esculturas; temos também citações bíblicas que acompanham os mesmos núcleos”.

A exposição quer também colocar em confronto os pedidos do Papa Francisco na encíclica ‘Laudato Si’ para o cuidado da Casa Comum e para a relação com a natureza, “fruto da Criação”.

“Temos consciência que, também dentro da Igreja, ao longo dos seculos, se deixaram deteriorar obras de arte. Simbolicamente estamos a utilizar essa perspetiva: temos duas obras, uma do século XIV e outra do século XVIII, onde vemos um Cristo crucificado que já não tem cabeça e está bastante deteriorado, outro um «Senhor da cana verde», e é uma peça impactante, porque foi infestada e só tem uma parte do rosto. As obras são o exemplo de que não foram cuidadas e tratadas, tal como acontece com a natureza e a nossa Casa Comum”, indica a diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu.

Fátima Eusébio afirma ainda que “os objetos em exposição continuam a ter valor e causam impacto devido ao processo de degradação”.

“Elas não estão na exposição por valor histórico ou estético mas porque fazem parte de uma narrativa para veicular uma mensagem. Nas igrejas nada foi feito para enfeitar. E o belo é portador de uma mensagem”, sublinha.

Depois do Museu Diocesano de Lamego, onde vai estar até 15 de outubro, a exposição ‘Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador’ segue para a Casa da Cultura de Ílhavo, onde poderá ser visitada de 22 outubro a 4 de fevereiro de 2022.

A partir do dia 18 de fevereiro de 2022 apresenta-se no Museu da Misericórdia de Viseu, até ao dia 17 de junho, deslocando-se depois para o Museu Diocesano da Guarda, onde poderá ser visitada de 24 junho a 18 de outubro do próximo ano.

LS

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